Após pressão popular, a prefeitura de São Paulo vai recuar do afastamento de 25 diretores de escolas municipais, que seriam deslocados de forma compulsória de suas funções para passar por um curso de qualificação.

Na quinta-feira 29, o secretário municipal de educação, Fernando Padula, publicou um ato tornando sem efeito o calendário previsto para o processo de formação dos diretores, que teria início já nesta sexta-feira 30.

A promessa do recuo foi feita durante uma reunião, realizada pouco antes do anúncio, entre membros da Secretaria de Educação e representantes dos sindicatos dos profissionais que atuam nas escolas.

Comunidade escolar protesta contra o afastamento do diretor da escola Ibrahim Nobre, no Rio Pequeno. Créditos: Divulgação

Na ata da reunião, a qual a reportagem de CartaCapital teve acesso, também ficou acordado que a Secretaria Municipal vai realizar uma consulta com os diretores convocados, no dia 2 de junho. O diálogo com a categoria será feito durante uma reunião.

“A SME ouvirá as propostas dos diretores para o percurso formativo e, a partir dessa escuta, publicará novo cronograma de atividades”, diz um trecho do documento.

A pasta também sinalizou que vai rever os critérios de indicação de assistentes de direção às escolas. O tema é outra demanda da categoria, que defende o respeito a prerrogativas dos conselhos escolares para a nomeação.

Categoria prega cautela

“É uma vitória parcial”, destacou a vice-presidente do Sindicato dos Professores e Funcionários Municipais de SP (Aprofem), Margarida Prado Genofre.

A avaliação é de que o momento exige cautela, uma vez que a gestão Nunes decidiu rever o processo, mas não descartou retomar a medida após a reunião do próximo dia 2. “Vamos continuar acompanhando para entender quais serão os próximos passos propostos pela gestão municipal”, avaliou.

“Não somos contra o processo de formação, o que não dá é para o prefeito e o secretário municipal se utilizarem de um suposto mau rendimento das escolas em avaliações externas para punir os seus diretores. Isso não é nada razoável”, comentou.

Risco de privatização

Conforme mostrou CartaCapital na última quarta-feira, o movimento da prefeitura, de direcionar diretores de forma compulsória para uma formação e afastá-los de suas funções, foi visto como um movimento autoritário e ilegal por parte do governo Ricardo Nunes (MDB). A gestão municipal chegou a sustentar que as escolas foram selecionadas a partir de resultados em avaliações externas como o Ideb e o Idep, o que também foi alvo de críticas por parte da comunidade educacional. Fontes ouvidas pela reportagem apontaram um movimento de intervenção nas escolas, com vistas a entrega da gestão das unidades à iniciativa privada.

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Last Update: 30/05/2025