Pressão por mudanças cresce com foco na saúde das gestantes
As discussões sobre as condições oferecidas pelas empresas às trabalhadoras grávidas ganham espaço diante da necessidade de rever práticas organizacionais.
É preciso garantir que gestantes tenham apoio físico e emocional durante o período de gestação, além do que prevê a legislação.
Segundo o médico Marco Aurélio Bussacarini, especialista em Medicina Ocupacional, o cuidado com essas profissionais deve ser estruturado.
O acompanhamento precisa considerar as transformações físicas e emocionais do período.
Avaliação médica e riscos do ambiente devem ser prioridade
Para Bussacarini, um dos primeiros passos para assegurar a saúde da gestante no trabalho é realizar avaliações periódicas.
Essas consultas precisam levar em conta os riscos ocupacionais de cada função.
Aspectos como postura, ergonomia, exposição a agentes nocivos e longas jornadas devem ser reavaliados.
Além disso, ajustes simples no posto de trabalho ou transferências temporárias para funções administrativas podem fazer diferença para a saúde da mãe e do bebê.
Apoio emocional deve fazer parte da política interna
Além dos cuidados físicos, o médico alerta para a importância do acolhimento emocional.
Ambientes com escuta ativa e canais abertos de comunicação contribuem para reduzir quadros de estresse e ansiedade.
Segundo ele, ações como rodas de conversa e oferta de apoio psicológico ajudam a promover a segurança emocional no ambiente de trabalho.
Flexibilização da jornada pode evitar afastamentos
Em situações clínicas específicas, a flexibilização da jornada é apontada como uma alternativa eficaz para evitar agravamentos na saúde das gestantes.
A rigidez nos horários pode provocar afastamentos que seriam evitáveis com uma abordagem mais adaptada à realidade da trabalhadora.
Liderança precisa estar preparada para acolher demandas
Segundo o especialista, é necessário investir na capacitação de gestores e lideranças.
A maneira como líderes acolhem as necessidades da gestante tem impacto direto no vínculo entre funcionária e empresa.
Quando há confiança para comunicar faltas, licenças e necessidades de adaptação, o ambiente se torna mais receptivo.
Para Bussacarini, “a confiança é a base. Quando a gestante sente que pode expressar suas necessidades sem medo de julgamentos ou represálias, o vínculo com a empresa se fortalece”.
Benefícios organizacionais superam o investimento
O cuidado com a saúde da gestante também tem impacto nos resultados da empresa.
De acordo com Bussacarini, negócios que adotam práticas mais estruturadas e inclusivas registram aumento de produtividade, maior engajamento e redução no número de afastamentos.
Além disso, a reputação da empresa como empregadora tende a melhorar.
A atenção ao tema fortalece a imagem institucional e contribui para a construção de um mercado de trabalho mais justo e equilibrado.