O militante libanês pró-Palestina Georges Abdallah continua nas masmorras do imperialismo francês. Segundo o Al Mayadeen, ele “não perde a esperança, nem se deixa abater pela escuridão da prisão. Ele sempre busca uma janela de esperança”. “Apesar disso, o suficiente para ele é saber que os Estados Unidos, os países ocidentais e, por trás deles, Israel, estão fazendo de tudo para impedir que ele conquiste sua liberdade”, destaca a reportagem.

Georges dedicou sua vida à luta contra o sionismo e, por isso, sofre represálias. Nascido em 2 de abril de 1951, em Al-Cubaiate, no distrito de Akkar, no norte do Líbano, formou-se, em 1970, na Escola de Professores em Achrafieh, Beirute, capital libanesa. Foi militante pela libertação do Líbano e, em 1978, incorporou-se à Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), sendo ferido no mesmo ano durante a invasão sionista ao sul do Líbano.

Com a invasão completa do país, em 1982, Abdallah somou-se a vários representantes da luta palestina que se espalharam pelo mundo para denunciar os crimes do sionismo. Em 24 de outubro de 1984, foi preso pelo governo francês após ser perseguido na cidade de Lyon por agentes do Mossad e colaboradores franceses do sionismo. Para a prisão, foi utilizado o pretexto de posse de documentos “falsos”, que mais tarde se revelou ser um passaporte argelino legítimo. Ou seja, foi uma prisão totalmente política, sem que nenhum crime houvesse cometido de fato.

“As décadas e os anos difíceis no cárcere não enfraqueceram o espírito do militante Georges Ibrahim Abdallah, filho do norte do Líbano, nem abalaram sua determinação. Ele se tornou um símbolo da luta, após 40 anos atrás das grades, em um dos casos políticos mais longos e peculiares da história moderna”, descreve o Al Mayadeen.

Em novembro do ano passado, foi registrada uma nova decisão de libertação do militante, sendo o 11º pedido aceito pela justiça francesa desde que ele foi preso em 1984. Seu irmão, doutor Robert Abdallah, tem esperanças na decisão judicial. Ele disse ao Al Mayadeen que “após a decisão de libertação em 15 de novembro passado, o caso foi recorrido, e a audiência de apelação foi marcada para 19 de dezembro, com o veredicto final esperado para o próximo 20 de fevereiro”.

Recentemente, em Lyon, manifestantes exigiram a libertação do prisioneiro político.

Um tribunal francês aprovou o pedido de libertação condicional de Georges, conforme informou a Procuradoria Nacional Antiterrorismo. Foi anunciado, porém, que a decisão seria recorrida. Em comunicado, a procuradoria afirmou que “o Tribunal de Execução de Penas permitiu que Georges Ibrahim Abdallah obtivesse libertação condicional a partir do próximo 6 de dezembro, sob a condição de deixar o território francês e não retornar”.

Segundo Roberto, “os Estados Unidos assumiram o papel de parte civil contra Georges, exercendo sua influência tanto na França quanto no Líbano”. Ele denuncia que “a questão é destruir o significado simbólico do militante Georges Abdallah. É daí que vem o exagero no memorando americano enviado ao tribunal, que alegou que sua libertação causaria instabilidade na região”.

A rede Samidoun organizou um evento (“Quarenta anos de detenção: Georges Abdallah à beira da liberdade”), em 13 de dezembro, para discutir o caso do prisioneiro libanês Georges Ibrahim Abdallah, antes da audiência de apelação marcada para 19 de dezembro.

De acordo com Robert, a decisão do governo interino libanês, que pediu formalmente ao governo francês em junho passado “a repatriação de Georges Ibrahim Abdallah, pois ele já cumpriu sua pena”, foi muito importante. Posteriormente, foi confirmado que a decisão foi unânime.

No âmbito oficial, o ministro da Cultura do governo interino, o juiz Mohammad Wissam Al-Murtada, solicitou “o envio de um pedido às autoridades francesas para a libertação do militante libanês Georges Abdallah, que já cumpriu sua pena nas prisões francesas e cujo prolongamento da detenção é ilegal”.

O pedido do ministro da Cultura foi feito após as autoridades francesas, por meio do Ministério da Justiça do Líbano, solicitarem a entrega de um cidadão franco-argelino para ser julgado na França.

“Existem dois aspectos: o humanitário e jurídico, e o político e militante. No âmbito humanitário e jurídico, há um consenso libanês em rejeitar a injustiça cometida contra ele e em condenar o desrespeito da administração francesa às suas próprias decisões judiciais. Já no nível político e militante, a questão está ligada às orientações ideológicas e partidárias no Líbano”, declarou o doutor Robert Abdallah.

Segundo o irmão, Georges, “com o passar do tempo, demonstra maior interesse pelos detalhes do dia a dia e pelas condições de vida, especialmente no que diz respeito à saúde dos idosos”. O doutor Robert destacou que o irmão não negligencia as questões fundamentais, expressando “sua solidariedade permanente com os povos libanês e palestino, e condenando os ataques e massacres cometidos pela ocupação”.

Georges observou que “infelizmente, o que está acontecendo ultrapassou a questão da normalização (com a ocupação), especialmente após a entrada do ‘exército’ israelense na Síria. Atualmente, parece haver uma competição entre forças que já normalizaram relações e outras que estão no caminho para fazê-lo. Quanto à luta e sua eficácia, trata-se de uma questão de princípio em relação à injustiça, à ocupação e aos direitos dos povos à autodeterminação”.

Robert Abdallah enfatizou que “entre o direito da força e a força do direito, há um conflito interminável, e Georges é um dos militantes que dedicaram a vida à defesa de causas justas”.

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Last Update: 19/01/2025