O general da reserva do Exército Mário Fernandes e o major Rodrigo Bezerra de Azevedo, investigados por participação em um plano golpista contra o Estado após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro em 2022, serão transferidos para Brasília por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do inquérito.
Os militares foram presos no mês passado, no Rio de Janeiro, durante a Operação Contragolpe, da Polícia Federal. Em Brasília, ficarão detidos nas instalações do Comando Militar do Planalto (CMP).
Articulador da trama golpista
Mário Fernandes é apontado como o principal articulador da trama golpista. Em 4 de novembro de 2022, poucos dias após a vitória de Lula, ele levantou suspeitas de fraude e eleitoral com o fim de manipular a opinião pública em conversa com o então ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos. Fernandes também elaborou uma espécie de roteiro para os deputados bolsonaristas usarem na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro.
Ainda, registros da PF mostram que o general relatou ao então ajudante de ordens Mauro Cid uma conversa com Bolsonaro sobre planos golpistas e teria recebido aval para agir até o último dia do mandato presidencial, em 31 de dezembro de 2022.
Essas mensagens foram usadas como base pelas deputadas do PSOL, Sâmia Bomfim (SP) e Fernanda Melchionna (RS), para solicitar ao STF a prisão preventiva de Jair Bolsonaro, alegando que a liberdade do ex-presidente compromete a integridade das investigações da Operação Contragolpe.
Já o major Rodrigo Bezerra continua sendo investigado, mas não figura entre as 37 pessoas indiciadas pela PF sob suspeita de tentativa violenta de abolição do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe e formação de organização criminosa. Segundo a defesa, ele optou por colaborar com as investigações.
Entre os indiciados estão Jair Bolsonaro, Augusto Heleno e Walter Braga Netto, além de outros integrantes do governo Bolsonaro. O relatório da PF já está nas mãos da Procuradoria-Geral da República (PGR), mas a análise sobre a apresentação de uma possível denúncia deve ocorrer apenas no próximo ano, após o recesso do Judiciário.
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