O general da reserva Augusto Heleno decidiu usar seu direito de permanecer em silêncio durante o depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) e respondeu apenas aos questionamentos do próprio advogado de defesa na manhã desta terça-feira (10).
Ao ministro relator Alexandre de Moraes, Heleno se limitou a responder perguntas pessoais e negou que seria alvo de investigação por conta de alguma perseguição ou desavença.
Moraes então leu as questões que seriam feitas ao general da reserva, caso ele quisesse responder a alguma delas. Mas o general permaneceu em silêncio.
Nas investigações, o general foi apontado como o responsável pelo gabinete de crise após o golpe.
Ao longo da sabatina do próprio advogado, Heleno afastou essa tese, ressaltando que “nunca tratou de nada que não fosse absolutamente legal”.
Sobre a reunião ministerial realizada em 5 de julho de 2022, quando foi estabelecido que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) deveria acompanhar as campanhas presidenciais, Heleno afirmou que o objetivo era evitar novos episódios de violência contra os candidatos.
“Conversei com o Victor [Carneiro], que era o diretor interino da Abin, para que fosse realizado um acompanhamento das campanhas presidenciais para evitar que acontecesse o que já tinha acontecido, aquela facada no presidente Bolsonaro em Juiz de Fora [MG]. Então, eu considerava muito importante que houvesse uma cooperação entre todos os órgãos que tratavam de segurança nas diferentes cidades do Brasil, para que aquilo não voltasse a acontecer”, afirmou o general.
Na ocasião, o réu afirmou ainda que deixou claro para Carneiro que, “conforme manda a Constituição”, não seria possível infiltrar elementos da Abin em tais atividades.
“Nunca levei assuntos políticos, tinha de 800 a 1.000 funcionários no GSI (Gabinete de Segurança Institucional). Nunca conversei com eles assuntos políticos”, acrescentou.
Heleno garantiu ainda ter, durante todo o tempo em que esteve na Presidência, jogado dentro das quatro linhas da Constituição e que não teve tempo para espalhar desinformação sobre a votação em urnas eletrônicas, como aponta a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR).
O general também negou conhecimento do plano “Punhal Verde e Amarelo”, que continha detalhes sobre o plano golpista para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições de 2022.
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