O general de quatro estrelas Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira foi citado na delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL). De acordo com o delator, o militar se reuniu com o ex-presidente quando ainda estava no Alto Comando do Exército e se colocou à disposição da trama golpista. Ele passou para a reserva em novembro de 2023, após atuar no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo a Polícia Federal, Oliveira desempenhou papel estratégico como comandante de Operações Terrestres (Coter), com responsabilidade sobre o Comando de Operações Especiais (COpESP), conhecidos como “kids pretos”. Esse grupo, treinado para operações de contra-inteligência, insurreição e guerrilha, seria utilizado para prender autoridades como parte de um plano golpista no final de 2022, antes da posse do petista.
Natural de Fortaleza, o general pertence a uma família com tradição no Exército e na política e, desde novembro de 2023, preside o Partido Novo no Ceará. Seu irmão, o general Guilherme Theophilo, foi ex-secretário de Segurança Pública no governo Bolsonaro e candidato ao governo do Ceará pelo PSDB em 2018.
Além de comandar a 10ª Região Militar, Estevam ocupou posições de destaque como o comando da 13ª Brigada de Infantaria Motorizada, em Cuiabá (MT), e da 12ª Região Militar, em Manaus (AM). Também foi diretor de Educação Técnica Militar no Rio de Janeiro. Em 2022, chegou a ser cotado para o comando do Exército, mas o posto foi assumido pelo general Júlio Cesar de Arruda.
De acordo com depoimento de Mauro Cid, Estevam Theophilo afirmou que “se o presidente Jair Bolsonaro assinasse o decreto, as Forças Armadas iriam cumprir”, se referindo à minuta golpista.