O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, durante depoimento no STF. Foto: Reprodução

O tenente-coronel Mauro Cid afirmou nesta segunda-feira (9), em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o general Estevam Theophilo, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres, declarou que o Exército cumpriria uma ordem golpista caso Jair Bolsonaro (PL) assinasse um decreto com as determinações.

Essa é a primeira vez que Cid afirma ter conversado diretamente com o general sobre a trama golpista. Ele depôs como o primeiro dos oito réus a serem interrogados na ação penal que trata do chamado “núcleo crucial” da tentativa de golpe. Cid falou na condição de “réu delator”.

“Por mais que alguns generais do Alto Comando do Exército concordassem ou tivessem a ideia da maneira como foi conduzido o processo eleitoral, eles não fariam nada que quebrasse o elo de legalidade. Para alguma coisa ser feita, teria de ter uma ordem, e essa ordem teria de vir do presidente”, afirmou.

Cid afirmou que o general Theophilo — na época, membro do alto escalão do Exército — confirmou: “[Ele disse]: ‘Se o presidente assinar, o Exército vai cumprir’. Não que fosse ele quem ia cumprir, mas o Exército”.

General Estevam Theophilo nunca concordou com atitude golpista, diz defesa | Blogs | CNN Brasil
O general Estevam Theophilo, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres. Foto: Reprodução

O tenente-coronel contou que a conversa com Theophilo aconteceu em um “bate-papo informal entre a entrada e a saída dele do Alvorada”, mas disse não saber o conteúdo do encontro entre o general e Bolsonaro em 9 de dezembro de 2022.

Integrantes do Alto Comando apontavam o general Estevam Theophilo como um dos militares mais próximos das intenções golpistas do ex-presidente, segundo relatos de três generais ouvidos pela Folha de S.Paulo.

A Polícia Federal chegou a investigar a suspeita de que Theophilo teria preparado um plano operacional para executar possíveis ordens de Bolsonaro, como intervir no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e prender ministros da Corte. No entanto, a apuração não avançou, nem mesmo após a apreensão do celular do general e de outros materiais em sua casa, em fevereiro de 2024.

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Last Update: 10/06/2025