O plano para matar autoridades chamado “Punhal Verde e Amarelo” foi redigido pelo general da reserva do Exército Mário Fernandes. Nesta quinta-feira (24), ele admitiu ser o autor do documento, classificado como ‘pensamento digitalizado’, que visava assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

A confissão ocorreu durante interrogatório realizado por videoconferência do STF conduzido pelo juiz auxiliar do ministro Moraes. Fernandes é julgado como réu do núcleo 2 pela tentativa de golpe de Estado. O general está preso desde novembro.

“É um arquivo digital. Nada mais retrata do que um pensamento meu que foi digitalizado. Um compilado de dados, um estudo de situação meu, uma análise de riscos que fiz e, por costume, resolvi digitalizar. Não foi mostrado a ninguém, não foi compartilhado com ninguém. Hoje me arrependo de ter digitalizado isso”, comentou.

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Em outro momento ele voltou a confirmar ter redigido o plano: “Não passa de um pensamento digitalizado. Eu usei o termo inadvertidamente. Hoje eu me arrependo.”

Veja o trecho:

Na gestão Bolsonaro, Fernandes ocupou o cargo de secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República. Além de idealizar e “digitalizar” o plano para sequestrar e matar autoridades, Fernandes imprimiu o documento em uma impressora do Palácio do Planalto, local onde trabalhava.

Ele disse que fez uma cópia do plano para leitura, para não forçar a vista, mas que em seguida a rasgou. No entanto, a Polícia Federal aponta que foram feitas três cópias e, quarenta minutos depois, o general teria ido ao Palácio da Alvorada, a residência oficial da presidência.

Sobre este fato, afirmou que a ida ao Alvorada foi mera coincidência relacionada à sua atuação no governo. Apesar disso, a PF indica que um mês depois, já em dezembro, o documento foi impresso novamente.

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Durante o depoimento, ele também admitiu ter ido ao acampamento de bolsonaristas em frente ao quartel do Exército em Brasília. O general da reserva disse que foi ao acampamento como cidadão. A presença dele no local é investigada uma vez que pode ser indicativo de uma articulação junto aos acampados nos fatos que viriam a acontecer no 8 de Janeiro.

“Chamar as pessoas que estiveram no 8 de janeiro como golpistas, eu posso até aceitar. Todos eles? Ali foram só alguns”, apontou.

Esta fase de interrogatório é uma das etapas finais do processo penal, que deverá ter o julgamento concluído ao longo do segundo semestre.

Repercussão

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) disse que a confissão de Fernandes “escancara até onde ia o projeto golpista que sustentava Bolsonaro. Não se tratava de bravata — era uma conspiração real, articulada por militares de alta patente, com respaldo no discurso de ódio alimentado pelo ex-presidente.”

A também deputada Daiana Santos (PCdoB-RS) afirmou que “a cúpula bolsonarista queria transformar o Brasil numa ditadura.”

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) observa que a situação é gravíssima: “A parte mais violenta e sórdida da trama golpista foi confirmada pelo próprio autor.”

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Last Update: 25/07/2025