Ministro da Energia do regime sionista, Eli Cohen anunciou nesta terça-feira (15) que a ocupação cortou o fornecimento de água e eletricidade aos escritórios da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA, na sigla em inglês) na Faixa de Gaza. A medida foi divulgada pelo veículo sionista ICE, com base na alegação de que a UNRWA teria participado da operação Dilúvio de Al-Aqsa em 7 de outubro de 2023 — acusação até hoje não comprovada e amplamente rechaçada por organismos internacionais.
“Estamos impedindo as atividades da UNRWA que são dirigidas contra Israel”, declarou Cohen, que também lembrou que a entidade já foi oficialmente classificada como “organização terrorista” pela Knesset, o parlamento sionista. A medida, no entanto, não tem reconhecimento internacional e é parte de uma ofensiva política contra a agência da ONU, que há décadas presta assistência a milhões de palestinos expulsos de suas terras pelo Estado sionista.
O corte dos serviços básicos ocorre em meio a um agravamento sem precedentes das condições humanitárias em Gaza. Desde março, o regime sionista impôs um bloqueio total à entrada de alimentos, remédios e combustível no território palestino. No último domingo (13), a UNRWA alertou para uma explosão nos casos de desnutrição entre crianças e adultos, registrando a rápida deterioração do quadro de saúde pública. A escassez generalizada tem impedido tratamentos médicos essenciais e provocado mortes por causas antes evitáveis.
Segundo o comissário-geral da agência Philippe Lazzarini, a fome que assola Gaza é resultado de uma “política deliberada” do regime de ocupação. Em declarações recentes, Lazzarini afirmou que “ao menos 800 civis foram mortos enquanto tentavam obter comida ou ajuda humanitária” e denunciou que o cerco sionista representa uma “violação do direito internacional e dos princípios humanitários”.
A ofensiva contra a UNRWA tem também uma dimensão financeira. A agência enfrenta em 2025 a pior crise orçamentária de sua história, iniciando o ano sem reservas e com US$35 milhões em dívidas. Seu orçamento anual, estimado em US$1,7 bilhão, está longe de ser atingido, especialmente após a suspensão de doações por 16 países — incluindo Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido — no início de 2024. A decisão foi baseada em acusações não comprovadas do regime sionista contra funcionários da agência, que resultaram na perda de mais de US$438 milhões, ou mais da metade do financiamento previsto.
Embora alguns países europeus tenham retomado parcialmente suas contribuições após auditorias internas da ONU, o rombo continua ameaçando os serviços essenciais de saúde, alimentação e educação para milhões de palestinos. A situação se agrava com a destruição provocada pelos bombardeios sionistas: desde outubro de 2023, mais de 270 funcionários da UNRWA foram assassinados e mais de 200 instalações da agência foram danificadas ou completamente destruídas.
A destruição da infraestrutura, as restrições à entrada de ajuda e o cerco político à agência compõem um plano mais amplo de aniquilação da causa palestina. A tentativa de deslegitimar a UNRWA visa apagar a questão dos refugiados palestinos do cenário internacional, minando seu direito de retorno e enfraquecendo a resistência.
Apesar das dificuldades, a UNRWA reafirmou seu compromisso com os refugiados palestinos. “Continuamos operando em Gaza e fazendo tudo o que está ao nosso alcance para ajudar os mais vulneráveis”, declarou Lazzarini, que conclamou a comunidade internacional a agir com urgência para evitar uma catástrofe ainda maior.