Um dia após um ataque aéreo atingir uma escola e uma mesquita em Gaza e matar dezenas de palestinos, o exército israelense ordenou várias evacuações no sul do enclave antes de uma nova operação militar.

Residentes de um distrito da cidade de Khan Younis, que até então fazia parte de uma “zona humanitária” declarada por Israel, foram convocados a se retirar, por meio de mensagens de texto e áudio para os telefones dos moradores. O aviso também foi divulgado na rede social.

Moradores tiveram de sair às pressas, no escuro e ao som de bombardeios ao redor, do bairro de al-Jalaa, ao norte da cidade, segundo relatam organizações que acompanham o conflito. A área não será mais considerada parte de uma zona humanitária devido a “atividade terrorista significativa” no local, segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF).

A maior parte da população de Gaza, de 2,3 milhões de habitantes, vive em acomodações temporárias, deslocada pelos combates entre militares israelenses e militantes palestinos do grupo extremista Hamas, que reduziram o estreito território a escombros.

Philippe Lazzarini, chefe da agência das Nações Unidas para refugiados palestinos, UNRWA, disse que as pessoas em Gaza estão presas e não têm para onde ir.

“Alguns só podem levar seus filhos, outros carregam toda a vida em uma pequena bolsa. Eles estão indo para lugares superlotados onde os abrigos já estão transbordando de famílias. Eles perderam tudo e precisam de tudo.”

“Estamos exaustos. Esta é a décima vez que eu e minha família tivemos que deixar nosso abrigo”, disse Zaki Mohammad, 28 anos, que vive em um projeto habitacional no oeste de Khan Younis que recebeu ordens de evacuação, segundo relato divulgado pela agência Reuters.

O Conselho Norueguês para Refugiados estimou recentemente que as ordens de evacuação emitidas por Israel nas últimas semanas reduziram a área total das “zonas humanitárias” em Gaza de 20% do enclave para pouco mais de 14%.

O que dizem os militares israelenses?

O exército israelense disse ter atingido cerca de 30 alvos militares do Hamas nas últimas 24 horas, incluindo estruturas militares, postos de lançamento de mísseis antitanque e instalações de armazenamento de armas.

As autoridades de saúde de Gaza afirmam que a maioria das mortes foi de civis. Israel confirma que pelo menos um terço das vítimas são combatentes.

Cerca de 40 mil palestinos foram mortos na ofensiva israelense em Gaza desde o início da guerra, em outubro passado, e o número de mortos aumenta a cada dia, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. Israel afirma ter perdido 329 soldados no conflito.

Israel iniciou seu ataque depois que combatentes do Hamas invadiram o sul do país em 7 de outubro, matando 1.200 pessoas, a maioria civis, e capturando mais de 250 reféns, de acordo com os registros israelenses.

A IDF disse que os civis em al-Jalaa devem se mudar para uma zona humanitária a ser redesenhada.

Israel acusa regularmente o Hamas e outros militantes de usar áreas civis para lançar ataques. O Hamas é considerado um grupo terrorista pelos EUA, UE, Israel e outros.

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Última Atualização: 11/08/2024