O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, buscou esclarecer, nesta quinta-feira 22, a confusão gerada por uma declaração recente sobre a taxa Selic, que agitou o mercado financeiro.
“Vim agora de uma fala em que me expressei mal e tive uma interpretação inadequada, ainda que tenha repetido várias vezes: estou reafirmando minha fala anterior”, disse Galípolo, referindo-se a um pronunciamento feito mais cedo no evento da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
A declaração ‘mal compreendida’ citada por Galípolo apontava que os diretores do BC não teriam ‘constrangimento’ para tratar de altas na taxa básica de juros. “Posição difícil é inflação fora da meta, que é uma situação desconfortável. Subir juros é uma situação cotidiana para quem está no BC”, completou.
A declaração foi apontada por parte do mercado financeiro como um dos fatores que contribuíram para a alta de 1,97% no dólar.
Apesar do leve recuo, Galípolo reforçou que considera “completamente saudável” receber críticas públicas sobre a condução da política monetária e reforçou a posição de que isso “de maneira nenhuma” gera constrangimento ou pressão sobre os diretores do Banco Central.
O Banco Central tem sido alvo de críticas tanto de governistas quanto do mercado desde que interrompeu uma série de sete cortes consecutivos na Selic em junho.
Nos últimos dias, a percepção de que os juros podem subir pelo menos 0,25 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em setembro, ganhou força entre analistas. Algumas instituições já projetam uma alta de até 0,5 ponto percentual, embora a maioria ainda espere que a Selic permaneça em 10,50% até o fim do ano.
Galípolo é o mais cotado para substituir Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central. O economista, no entanto, tem evitado comentar a possível indicação. O caminho para que ele seja o novo chefe do BC está aberto no Senado.