O assessor especial da presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, ao lado do presidente Luís Inácio Lula da Silva. Foto: Divulgação

Nesta quarta-feira (14), o representante da presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, sugeriu ao presidente Luís Inácio Lula da Silva a realização de novas eleições na Venezuela para resolver a crise política que afeta o país vizinho. No entanto, fontes no Itamaraty ouvidas pela Uol confirmaram que essa proposta não reflete o posicionamento oficial do governo brasileiro.

A atual estratégia do Brasil continua focada na apresentação das atas de cada sessão eleitoral como forma de verificar a transparência do processo. De acordo com fontes em Brasília, o governo brasileiro não alterou sua abordagem original em relação à Venezuela. A ideia de sugerir novas eleições não está, pelo menos por enquanto, entre as ações oficiais do governo.

Na semana passada, durante uma reunião ministerial em Brasília, Luís Inácio Lula da Silva mencionou a proposta de novas eleições em discussão sobre a situação venezuelana, conforme relatado pelo jornal Valor Econômico. No entanto, ele estava se referindo a uma sugestão inicial de Amorim.

Amorim apresentou a proposta ao presidente após consultar interlocutores internacionais. Em declarações ao Valor Econômico, o diplomata descreveu a proposta como embrionária e indicou que ainda não havia discutido a ideia com parceiros latino-americanos. Ele também mencionou que a proposta de novas eleições incluiria uma possível contrapartida, como a retirada de sanções internacionais.

Fontes em Brasília destacaram que há preocupações sobre a eficácia das atas como ferramenta de negociação. Existe um temor de que, com o passar do tempo, a oposição e governos estrangeiros possam questionar a veracidade das atas, o que poderia dificultar o desbloqueio do processo.

Por outro lado, convocar novas eleições exigiria um esforço considerável para assegurar que o processo fosse justo. Isso incluiria a necessidade de mudanças no controle eleitoral, o que dependeria da disposição de Nicolás Maduro para convocar novas eleições e permitir a supervisão internacional.

No entanto, Maduro tem enfrentado críticas e ações contra os principais institutos de observação eleitoral, como o Carter Center, que apontaram irregularidades nas eleições anteriores.

Nicolás Maduro. Foto: Divulgação

Diplomatas europeus admitiram que não há garantias de que novas eleições resultariam em um processo mais transparente. A oposição venezuelana também manifestou resistência a aceitar um novo processo eleitoral, conforme relatos de conversas com membros da oposição.

No Itamaraty, a estratégia continua sendo a de promover um diálogo entre a oposição e o governo de Maduro, com ênfase na transparência na apresentação dos resultados eleitorais. O governo brasileiro mantém a mesma estratégia sem considerar propostas para novas eleições.

Na semana passada, o chefe da diplomacia brasileira, Mauro Vieira, discutiu a questão com ministros europeus, e os europeus também conversaram com o governo colombiano. A expectativa de americanos e europeus é que uma comissão formada por Brasil, Colômbia e México possa facilitar o diálogo entre a oposição e o governo de Maduro.

O presidente Luís Inácio Lula da Silva tem evitado atender a ligações de Maduro, acreditando que o contato direto deve ser feito entre Maduro e os três países latino-americanos. Lula busca deixar claro que não haverá negociação sobre a questão da transparência.

Recentemente, a presidente eleita do México, Claudia Scheinbaum, sinalizou que, ao assumir o poder em 1º de outubro, poderia distanciar-se da crise venezuelana e sugerir que organismos internacionais lidem com qualquer disputa. Essa mudança pode impactar a aliança latino-americana que tem trabalhado para resolver a crise na Venezuela.

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Última Atualização: 13/08/2024