O mercado de trabalho global está passando por uma transformação radical, impulsionada por avanços tecnológicos, mudanças demográficas e pressões econômicas. De acordo com a 5ª edição do relatório “Futuro do Trabalho”, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF) em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC), até 2030, serão criadas 170 milhões (14%) de novas funções, enquanto 92 milhões (8%) desaparecerão, resultando em um saldo líquido de 78 milhões (7%) de empregos.

Com base em entrevistas com mais de mil empregadores de 55 países, o estudo destaca que 22% dos empregos formais atuais serão impactados por transformações tecnológicas, sendo 14% em criação e 8% em eliminação de funções. Veja a íntegra do relatório (em inglês) aqui.

Setores e profissões em ascensão

Os setores essenciais e de linha de frente, como cuidados, educação e construção, lideram o crescimento absoluto. Funções como profissionais de enfermagem, auxiliares de cuidados pessoais, motoristas de entrega, trabalhadores da construção civil e vendedores estão entre os destaques.

Paralelamente, o avanço da inteligência artificial (IA), big data e cibersegurança está impulsionando funções tecnológicas, incluindo especialistas em IA e aprendizado de máquina, engenheiros de fintech, desenvolvedores de software e especialistas em big data. A transição verde também cria novas oportunidades para engenheiros de energia renovável, especialistas em veículos autônomos e elétricos e engenheiros ambientais.

Profissões em declínio

O mesmo avanço tecnológico que cria oportunidades também elimina funções. Profissões administrativas, como assistentes executivos, caixas e balconistas, estão em declínio, assim como trabalhos em serviços postais e entrada de dados.

De acordo com o relatório, essas mudanças podem deixar milhões de profissionais em risco. Até 2030, 59% da força de trabalho global precisará ser requalificada, mas 11% provavelmente não receberão a formação necessária, representando mais de 120 milhões de trabalhadores.

“A transição para IA e automação redefine o mercado, tornando algumas funções obsoletas enquanto cria novas oportunidades em ritmo acelerado”, afirma Till Leopold, diretor de trabalho e criação de empregos do WEF.

Habilidades em transformação: o que será essencial?

A transformação tecnológica exige uma atualização constante das habilidades. Segundo o relatório, 39% das competências atuais se tornarão obsoletas nos próximos cinco anos. As habilidades tecnológicas – IA, big data, redes e cibersegurança – são prioritárias, mas soft skills como resiliência, flexibilidade, criatividade e aprendizado contínuo também ganham espaço. As habilidades mais demandadas incluem:

  1. Pensamento analítico (69%).
  2. Resiliência, flexibilidade e agilidade (67%).
  3. Liderança e influência social (61%).
  4. Pensamento criativo (57%).
  5. Motivação e autoconhecimento (52%).
  6. Alfabetização tecnológica (51%).
  7. Empatia e escuta ativa (50%).
  8. Curiosidade e aprendizado contínuo (50%).
  9. Gestão de talentos (47%).
  10. Orientação para o serviço e atendimento ao cliente (47%).
  11. IA e Big Data (45%).
  12. Pensamento sistêmico (42%).
  13. Gestão de recursos e operações (41%).
  14. Confiabilidade e atenção aos detalhes (37%).
  15. Controle de qualidade (35%).

Ao mesmo tempo, habilidades como destreza manual e resistência física devem perder relevância, com 24% dos empregadores indicando sua queda de demanda.

O especialista Hugo Tadeu, da FDC, enfatiza que a requalificação deve ser profunda e estratégica: “Não basta um curso básico. É necessário conhecimento técnico robusto e alinhado às demandas do mercado.”

Diversidade e inclusão como estratégia

A adoção de iniciativas de diversidade, equidade e inclusão cresceu globalmente. Em 2024, 83% das empresas já adotavam essas práticas, contra 67% no ano anterior. Essa tendência é mais acentuada em empresas da América do Norte (96%) e entre grandes empregadores.

“A diversidade é um fator chave para ampliar o acesso a talentos e promover inovação em um mercado de trabalho em rápida transformação”, destaca Leopold.

Um futuro de adaptação e resiliência

Embora as transformações ofereçam oportunidades, também exigem planejamento estratégico. A colaboração entre governos, empresas e trabalhadores será essencial para criar um mercado de trabalho equilibrado e inclusivo.

“A inteligência artificial pode ser aliada ou ameaça, dependendo da capacidade de adaptação. Empresas e governos precisam investir em formação para minimizar os impactos negativos e maximizar as oportunidades”, conclui Hugo Tadeu.

O relatório evidencia que o profissional do futuro será aquele que combina habilidades técnicas e humanas, adaptando-se às novas demandas de um mercado de trabalho em constante evolução.

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com informações de agências

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Last Update: 10/01/2025