A Rede Globo decretou que o italiano Carlo Ancelotti, novo treinador da Seleção Brasileira, agora se chama Anselote. Ou Carlinhos, para os mais íntimos. Pois bem, Anselote desembarcou no Rio de Janeiro no fim de semana e cada passo seu, até a ida ao banheiro, foi relatado em tempo real. Apesar da comoção nacional, o técnico talvez ainda não tenha tido tempo de perceber o tamanho das esperanças depositadas em seus ombros. Ancelotti é, sem dúvida, um dos maiores treinadores da história, mas o que os brasileiros esperam é a operação de um milagre capaz de salvar o futebol brasileiro de sua mediocridade e seus vícios de décadas. Convém lembrar que Carleto é de carne e osso, até onde se sabe não domina as artes da magia nem foi canonizado e dispõe de um material humano limitado. Desde os 7 a 1 da Copa de 2014, o Brasil afundou-se novamente no complexo de vira-lata, o que produz frustração e delírio. No passado, treinadores estrangeiros foram essenciais na evolução do jogo no País e o mesmo se espera agora, embora o tempo de trabalho do ex-técnico do Real Madrid até o próximo Mundial seja escasso. A primeira convocação não surpreendeu. Neymar ficou de fora por problemas físicos e recebeu um telefonema de Ancelotti, que fez questão de explicar ao ex-jogador em atividade a decisão. Mau sinal. O italiano operaria um verdadeiro milagre se aproveitasse a oportunidade para virar a página, ignorar o lobby e o oba-oba e exorcizar da Seleção o menino Ney, um encosto. Orixás, santos e a torcida em peso ficariam do seu lado. Coragem, Anselote.

Assassinos fardados

A Polícia Federal deu mais um passo para desbaratar uma quadrilha de militares formada para matar “comunistas, bandidos e corruptos”. Segundo as investigações, o grupo de extermínio tinha uma tabela de preços. O assassinato de ministros de Estado e juízes custava 250 mil reais. O de senadores saía por 150 mil, a morte de deputados, 100 mil, e a de “figuras normais”, 50 mil. A Operação Sisamnes, deflagrada na quarta-feira 28, baseou-se em documentos apreendidos na casa do coronel Etevaldo Caçadini, preso desde janeiro do ano passado por suspeita de envolvimento no assassinato do advogado Roberto Zampieri, em 2023, em Cuiabá.

Venezuela/ Baila, Maduro

Governistas passam o rodo na eleição legislativa

Sem a oposição, o presidente venezuelano ampliou o poder – Imagem: Redes Sociais

O boicote quase total da oposição pavimentou a estrada para a vitória esmagadora do chavismo nas eleições legislativas do ­domingo 25. O partido do presidente Nicolás Maduro obteve 83% dos votos e terá a maioria absoluta dos 285 deputados que compõem a Assembleia Nacional e 23 dos 24 governadores, incluído o administrador, escolhido pela primeira vez, da região de ­Essequibo, território da Guiana reivindicado pela Venezuela e rico em petróleo. Segundo o Conselho Nacional Eleitoral, 8,9 milhões dos 21 milhões de cidadãos aptos a votar compareceram às urnas. Os oposicionistas acusam Maduro de promover outra fraude e dizem que os locais de votação permaneceram vazios ao longo do domingo. “Esta é a vitória da paz e da estabilidade”, respondeu o presidente. “Hoje, a Revolução Bolivariana demonstrou que está mais viva e forte do que nunca.” ­Henrique Capriles, um dos poucos opositores a participar da eleição, justificou sua decisão: “O que é melhor? Ter voz e lutar na Assembleia ou, como fizemos em outras ocasiões, nos retirar do processo e entregar o Congresso totalmente nas mãos do governo?”

Eutanásia na França

Os deputados franceses aprovaram um Projeto de Lei que autoriza a morte assistida no país. Falta a análise do Senado. Para ter direito à eutanásia, o paciente precisa ter 18 anos ou mais, ser francês ou residir na França, expressar vontade de realizar o procedimento de “maneira livre e informada”, provar uma doença grave e incurável em fase avançada ou terminal e demonstrar sofrimento físico ou psicológico. O governo espera que a votação seja concluída antes das eleições presidenciais de 2027. A Igreja Católica e a extrema-direita liderada por Marine Le Pen se opuseram à proposta.

Geopolítica/ Quem fala mais alto?

A DR entre o Kremlin e a Casa Branca

Putin não baixou a crista e devolveu na mesma moeda – Imagem: Alexander Kazakov/AFP

Os “parças” Donald Trump e Vladimir Putin decidiram expor em público uma crise no relacionamento. O presidente dos Estados Unidos decidiu “falar grosso” com o colega após os últimos ataques à Ucrânia determinados por Moscou. “O que Vladimir Putin não entende é que, se não fosse por mim, muitas coisas realmente ruins já teriam acontecido com a Rússia – e quero dizer REALMENTE RUINS (assim mesmo, em letras garrafais). Ele está brincando com fogo!”, escreveu o republicano em uma rede social. A resposta não tardou e veio no mesmo volume. “Sobre as palavras de Trump, dizendo que Putin está ‘brincando com fogo’ e que ‘coisas realmente ruins’ podem acontecer à Rússia. Eu só conheço uma COISA REALMENTE RUIM (assim mesmo, em letras garrafais) – a Terceira Guerra Mundial. Espero que Trump entenda isso!” No domingo 25, tropas russas lançaram 367 drones e mísseis em território ucraniano, maior ataque aéreo desde o início do confronto. A rinha virtual está agitada. Façam as suas apostas.

Publicado na edição n° 1364 de CartaCapital, em 4 de junho de 2025.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘A Semana’

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Last Update: 29/05/2025