Está em andamento, no estado do Rio de Janeiro, mais um ataque à saúde pública daquele município com o Acordo de Cooperação Técnica (ACT) entre o Ministério da Saúde, a UNIRIO e a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que visa estabelecer a “fusão” do Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE) com o Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG), cujo o objetivo é a criação de um “novo” hospital universitário da UNIRIO.
Segundo a justificativa do Ministério da Saúde, “é que o Plano de Reestruturação dos Hospitais Federais do Rio de Janeiro representa o compromisso de garantir um sistema de saúde mais robusto, acessível e de qualidade para toda a população. Com essas medidas, o objetivo é restaurar a confiança da sociedade nos serviços oferecidos, garantindo todos os direitos dos servidores dessas unidades hospitalares e assegurando que todos tenham acesso à saúde de forma digna e eficaz”.
Mas, ao contrário disso e, não é uma novidade para ninguém, as tais “reestruturações”, nas empresas, nada mais são do que medidas que visam atacar os trabalhadores e, além disso , nesse caso, toda a população do Rio de Janeiro, que terá o seu atendimento na área de saúde precarizado.
Na prática, o “acordo” visa fechar uma instituição referência na promoção de saúde pública, não só no Brasil, mas também no mundo todo, o Hospital Universitårio do Gaffreé e Guinle, que dentre outras importantes atuações, foi credenciado como “Centro Nacional de Referência em AIDS”. O que chama a atenção é que, com a medida do fechamento do Hospital Universitário no Rio, a tal “reestruturação” está no meio do furacão da crise financeira que se encontram as universidade federais do Rio de Janeiro (UFRJ, UNIRIO e a UFF). Somente a UFRJ enfrenta um déficit de R$152 milhões para custear as suas despesas.
Para os trabalhadores do Gaffrée Guinle, a proposta de “fusão” de dois hospitais públicos é altamente complexa, carece de lógica e representa uma enorme perda para a população do Rio de Janeiro. Dada a longa lista de espera do Sistema Regulador (SISREG) para procedimentos cirúrgicos, a unificação de duas unidades hospitalares de referência implicaria uma diminuição significativa da capacidade de atendimento, impactando negativamente o acesso da população aos serviços de saúde e, com o fechamento do atendimento hospitalar do Gafreé, com a escassez de leitos e atendimentos que hoje existe no Rio de Janeiro, é uma política criminosa.
A realidade dos hospitais públicos do Rio de Janeiro é completamente diferente daquela propagandeada pelas autoridades competentes. A saúde pública do Rio está completamente abandonada e sucateada e a fusão dos hospitais universitários irá, com certeza, piorar o atendimento da saúde, principalmente da população mais carente do estado do Rio.
Abaixo, transcrevemos nota da companheira Maristela Groba, fisioterapeuta da UNIRIO, conselheira do CONSUNI, e integrante do Movimento ReestatizaSus, onde mostra o que realmente está por trás da tal “reestruturação” do Gaffrée Guinle:
“Fechamento do Gafreé, sem eufemismos”
“Fechamento do Gafreé? Isso mesmo? Sim. O fim desse hospital é o que a reitoria da UNIRIO chama de forma suavizadora de “Fusão”. Fechar o atendimento hospitalar do Gafreé com a escassez de leitos e atendimentos que hoje existe no Rio de Janeiro é uma política criminosa! A desculpa, sim sempre há uma historinha por trás, é a de que “toda a estrutura” do HUGG irá para a Gamboa, onde já funciona o grande e histórico Hospital dos Servidores. Por que não ampliam o Hospital dos Servidores sem fechar o Gafreé? Querem exterminar um hospital de excelência que funciona há anos na Tijuca, com sua maternidade, seus leitos de CTI adulto, leitos de CTI neonatal, enfermarias e que faz milhares de cirurgias, puxando a fila do Sisreg!!!
E tem mais, alguns setores foram reformados recentemente, como por exemplo, a maternidade. E o dinheiro público investido ali ? Vai para o lixo? Cadê o princípio da economicidade em uma Universidade que alega ter “pouco orçamento” ?
A população que já sofre com as filas do Sisreg terá suas filas ampliadas (!). Marcações futuras para o Gafreé serão redistribuídas. E qual a verdade por trás? A verdade é que a EBSERH terá seu orçamento multiplicado com a transação. Esta empresa, desde que entrou no Gafreé, só reduziu atendimentos e agora ao se implantar no Hospital dos Servidores terá MAIS VERBA para fazer estrago semelhante ao que ela fez no Gafreé. Uma empresa que faz seu raciocínio de Saúde Pública baseado no DINHEIRO que recebe em vez de providenciar o que a população necessita. Ela ama procedimentos caros como “transplante de fígado” e odeia procedimentos baratos como “consulta ambulatorial com um neurologista”. A título de exemplo, este é mais ou menos o raciocínio mercadológico da empresa.
Atenção estudantes, é uma farsa que o ensino vai melhorar. A EBSERH realmente não tem nenhuma preocupação com ensino. Leiam o regimento da empresa, ela faz “assistência”. E a “assistência” é essa que descrevemos alí em cima, voltada para procedimentos que pagam mais. Saibam que a preocupação com seu ensino está na Universidade! E uma parte dos professores não irão para o Hospital dos Servidores. Estejam atentos, o fechamento do hospital é um grande GOLPE contra os direitos da população do Rio de Janeiro reduzindo o acesso à Saúde, um direito constitucional, e um grande GOLPE contra a educação pública universitária do Brasil!
Somos CONTRA o fechamento do Gafrée!”
Maristela Groba, fisioterapeuta da UNIRIO, conselheira do CONSUNI, e integrante do Movimento ReestatizaSus