Imigrantes menonitas, vindos de países como Canadá e Holanda, estão se mudando para o meio da floresta amazônica, no Peru, onde fundaram uma colônia. Menonita é a determinação para um grupo religioso que inspira seus costumes no Século XVI, quando houve a reforma protestante, que também é base de sua fé.
“Há um lugar aqui onde eu queria viver, então viemos e abrimos parte dele”, disse Wilhelm Thiessen, um dos fazendeiros menonitas em entrevista ao New York Times. A colônia, que começou com barracas improvisadas, hoje abriga cerca de 150 famílias e conta com uma igreja que também funciona como escola, além de uma fábrica de queijo.
A presença desse grupo na Amazônia tem gerado preocupações entre ambientalistas devido ao desmatamento que acompanha a criação dessas colônias. Desde que os primeiros assentamentos menonitas surgiram na floresta peruana, em 2017, estima-se que eles tenham desmatado quase sete mil hectares de floresta.
Porém, os menonitas afirmam que esse desmatamento é mínimo comparado à vastidade da floresta. “Cada colônia desmata um pouco da floresta, mas é muito pouco”, declarou Peter Dyck, líder da colônia de Providencia. As colônias fundamentalistas, que se espalharam por diversos países da América Latina desde que migraram do Canadá há cerca de um século, buscam manter um estilo de vida agrícola austero e afastado das influências modernas.
“Nossos ancestrais pensavam que se vivêssemos longe, no campo, haveria mais possibilidade de controlar o mal. Queremos viver como eles viveram. Não queremos mudanças constantes”, afirmou Johan Bueckert, um fazendeiro da Colônia Antiga em Providencia.
No entanto, as autoridades peruanas estão investigando as colônias de Wanderland, Providencia e outra colônia menonita, acusando-as de desmatamento ilegal. Jorge Guzman, advogado que representa o Ministério do Meio Ambiente do Peru, argumenta que eles desmataram floresta virgem e que, mesmo que partes já tivessem sido exploradas por madeireiras, as operações menonitas ainda precisariam de licenças devido ao tamanho das suas atividades. “Eles querem um pedaço de papel para superar a realidade”, disse Guzman.
Os menonitas, por sua vez, negam qualquer irregularidade. Segundo Medelu Saldaña, um político local que assessora as colônias, elas compraram suas terras de uma empresa madeireira que já havia desmatado a área e, portanto, não precisavam de permissão adicional para continuar o trabalho.
Enquanto as investigações continuam, a expansão menonita na Amazônia parece longe de cessar. A algumas horas rio abaixo de Wanderland, uma nova colônia chamada Salamanca está começando a tomar forma. Cornelius Niekoley, um bispo menonita do México, viajou ao Peru para avaliar a compra de terras para seus filhos. “Preço bom e terra boa”, observou Niekoley, destacando a atratividade da região para a expansão agrícola menonita.