O Nordeste brasileiro passará a contar com um novo instrumento de apoio ao seu ecossistema de startups.
Com lançamento previsto para 30 de abril, em Recife, o FIP Nordeste Capital Semente busca captar até R$ 150 milhões.
O objetivo é ampliar a presença do venture capital na região, que concentra mais de 6 mil startups e responde por 13,8% do PIB nacional.
Segundo levantamento da ABVCAP com a TTR Data, o Nordeste recebe apenas 0,84% dos recursos de capital de risco aplicados no Brasil.
O novo fundo nasce para corrigir esse desequilíbrio e fortalecer a base empreendedora com foco em segmentos como saúde, educação, agronegócio e tecnologia da informação.
FINEP e Banco do Nordeste lideram estruturação do fundo
A iniciativa é resultado de uma chamada pública realizada pela FINEP e pelo Banco do Nordeste (BNB).
A proposta vencedora foi apresentada pelo consórcio formado pelas gestoras Triaxis Capital e Crescera Capital.
O fundo contará com aportes iniciais de R$ 80 milhões, divididos igualmente entre FINEP e BNB, além de recursos das duas gestoras.
A meta é alcançar R$ 150 milhões com a entrada de novos investidores institucionais.
O modelo de atuação será multissetorial, com foco em startups em estágio inicial e alto potencial de escala.
A meta é investir em até 30 empresas da área de atuação do BNB, que abrange os nove estados do Nordeste e partes do norte de Minas Gerais e Espírito Santo.
Fundo prioriza negócios em estágio inicial e com uso de tecnologia
O FIP Nordeste Capital Semente vai priorizar startups com faturamento anual de até R$ 1 milhão.
O foco serão empresas em fase de validação de Produto Mínimo Viável (MVP) ou no início da geração de receita.
Os primeiros investimentos ocorrerão por meio de mútuo conversível, com aportes de até R$ 1 milhão por empresa.
Startups com desempenho comprovado poderão receber novos aportes de até R$ 6 milhões em uma segunda rodada.
O fundo analisará negócios de base tecnológica em áreas como fintechs, saúde, educação, tecnologias limpas, biotecnologia e segurança cibernética.
Há também preferência por propostas que utilizem inteligência artificial para transformar setores tradicionais como logística e serviços públicos.
Ecossistema regional cresce, mas carece de capital
De acordo com o Observatório Sebrae Startups, o Nordeste possui 6.154 startups, equivalente a 32,9% do total nacional fora do eixo Sul-Sudeste.
A região apresenta crescimento expressivo desde 2018, com destaque para os setores de saúde, tecnologia e agronegócio.
Ainda assim, o volume financeiro de investimentos permanece baixo.
Menos de 1% dos recursos de venture capital aplicados no país foram destinados à região nos últimos anos.
Para Paulo Câmara, presidente do Banco do Nordeste, a criação do fundo atende a diretrizes de desenvolvimento com inclusão e inovação.
“O Nordeste tem talentos e vontade de empreender. Esta é uma oportunidade concreta de transformar inovação em crescimento”, afirma.
Gestoras aportam capital e experiência com startups da região
A Triaxis Capital atua no Recife desde 2012 e tem histórico de investimento em startups locais, como InForma, BomConsórcio, Pagcerto e Joy Street.
Algumas dessas empresas foram adquiridas por grupos maiores, como Locaweb e EB Capital.
Segundo Haim Mesel, sócio da Triaxis, a inovação no Nordeste surge como resposta direta a desafios do mercado.
“A região tem uma base empreendedora vibrante e conectada aos problemas reais do país”, afirma.
Além do capital, as gestoras apoiarão os negócios com estruturação de governança, planejamento estratégico e acesso a mercado.
A meta é transformar boas ideias em empresas aptas a competir nacional e internacionalmente.
Rede de apoio garante aceleração técnica e de mercado
O fundo contará com parcerias para fortalecer o desenvolvimento das investidas.
O CESAR (Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife) será responsável pela aceleração tecnológica.
A instituição fará a due diligence técnica das startups e prestará suporte em inovação e desenvolvimento de produtos.
O IEBT (Instituto para o Desenvolvimento de Empresas de Base Tecnológica) apoiará a aceleração de mercado.
Entre suas atribuições estão a estruturação de estratégias comerciais, canais de venda, mentoria em gestão e conexão com clientes estratégicos.
Segundo Márcio Stefanni, diretor da FINEP, o fundo representa um movimento de retomada.
“Precisamos diversificar a inovação no país. O Nordeste tem potencial e vem desenvolvendo soluções em áreas como sustentabilidade e biodiversidade”, afirma.
Wanger Rocha, diretor do Banco do Nordeste, reforça o alinhamento da iniciativa com os objetivos da instituição.
“O fundo vai gerar uma inserção mais abrangente dos atores do ecossistema e fomentar uma economia mais tecnológica na região”, conclui.
Mais informações estão disponíveis em www.fipnordeste.com.