Ao menos 20 funcionários federais incorporados ao Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês), órgão criado por Donald Trump e gerido por Elon Musk, renunciaram nesta terça-feira 25. O grupo de funcionários informou seu desligamento ao se recusarem a “desmantelar os serviços públicos cruciais” do país à mando de Musk.
“Não usaremos nossas habilidades em tecnologia para comprometer sistemas governamentais essenciais, colocar em risco dados sensíveis ou desmantelar serviços públicos cruciais emprestando nossa expertise para realizar ou legitimar ações do departamento”, escreveram em nota conjunta.
Os funcionários recém desligados do alegam que, pouco tempo após terem sido incorporados de outros postos ao departamento, agentes usando crachá de visitante da Casa Branca interrogaram os servidores sobre suas funções. Alguns dos ‘entrevistadores’ não quiseram se identificar e pareciam ter pouco conhecimento sobre o trabalho realizado anteriormente pelos agentes, detalha a carta.
A renúncia ocorre uma semana após todos os agentes federais e judiciais receberem, por e-mail, um pedido emitido pelo departamento de Elon Musk para que detalhassem todo o trabalho realizado na última semana. Embora o e-mail não mencionasse nenhuma punição ou obrigatoriedade de resposta, na rede X o bilionário alertou que funcionários que não respondessem estariam sinalizando sua demissão.
O Pentágono e outras agências federais americanas, incluindo aquelas agora dirigidas por leais colaboradores do presidente Donald Trump, rejeitaram o pedido de Elon Musk para que seus funcionários detalhassem as tarefas realizadas em seu trabalho sob pena de perderem o emprego. Entre as justificativas, a mais amplamente divulgada tem sido de que o envio dos relatórios poderia expor dados sensíveis em nível nacional.
Nesta semana, Musk afirmou que os servidores federais terão uma segunda chance para responder ao e-mail sobre o resumo semanal de atividades, reforçando o risco de serem demitidos caso não houver resposta.
A medida faz parte de um plano do novo governo para a revisão dos gastos do funcionalismo público. Musk tem sido um defensor da medida, utilizado sua rede social para ironizar a resistência a responder o e-mail, dando a entender que a recusa seria uma prova da ineficiência dos departamentos.
Ações de Musk provocam racha
Segundo o jornal The Whasington Post, a própria administração de Donald Trump teria alertado aos líderes de departamento que ignorassem os e-mails de Musk cobrando por um relatório. “É decisão da liderança da agência quais ações serão tomadas”, diz o memorando obtido pelo veículo sobre o tema.
O desencontro de informações entre altos agentes do governo Trump e as diretrizes de Musk reforçam o crescente racha gerado pela intromissão do bilionário nos assuntos governamentais.
Embora os líderes das agências pudessem decidir se os funcionários responderiam ao último e-mail questionando as funções de trabalho, alguns departamentos não sinalizaram que estavam rejeitando o mandato de Musk – deixando a porta aberto para funcionários federais sejam demitidos caso a ameaça seja efetivada.
Na segunda-feira, Trump tentou diminuir a temperatura, afirmando que apenas departamentos específicos estariam recusando o envio de dados por motivo de proteção da informação sensível. Ele também minimizou qualquer desconexão entre sua administração e o que diz Musk na rede X.
“Eles [líderes dos departamentos] não querem dizer isso de forma combativa. Eles estão apenas dizendo que há algumas pessoas que você realmente não gostaria de saber o que elas fizeram na semana passada”, disse Trump citando órgãos como o FBI.