Dezenas de funcionários e ex-funcionários da Microsoft ocuparam nesta semana o campus leste da companhia em Redmond, Washington, em protesto contra o suposto uso de tecnologias da empresa pelas Forças de Defesa de Israel (IDF) em operações militares na Faixa de Gaza e para vigilância em massa da população palestina.

O protesto, liderado pelo grupo “Não ao Azure por Genocídio”, aconteceu dias após a Microsoft anunciar uma investigação interna sobre o uso de seu serviço em nuvem, o Azure, em ações militares.

Os manifestantes criaram uma “Zona Franca” dentro do campus, erguendo cartazes com frases como “Junte-se à Intifada dos Trabalhadores – Não ao Trabalho por Genocídio” e “Praça das Crianças Palestinas Martirizadas”.

Entre as principais exigências está o fim do contrato da Microsoft com o governo de Israel e a responsabilização da empresa por possíveis violações de direitos humanos associadas ao uso de suas tecnologias.

O movimento ganhou força após uma série de denúncias divulgadas pelo The Guardian, pela revista +972 Magazine e pelo veículo israelense Local Call, que revelaram o uso do Azure por uma unidade de inteligência israelense, a Unidade 8200, para armazenar dados de vigilância de civis palestinos. As informações incluem gravações de chamadas telefônicas feitas por residentes da Cisjordânia e de Gaza.

“Eu o vi reportando sobre Gaza incansavelmente, passando pela fome, por campanhas de extermínio e por bombardeios. Ele era a voz da indústria. Ele foi intencionalmente visado”, disse Hossam Nasr, 26, que trabalhou na Microsoft por três anos, mas foi demitido no ano passado após organizar uma vigília pela Palestina em frente aos escritórios da empresa.

A Microsoft afirmou não ter conhecimento do uso de seus serviços para fins de vigilância de civis. Em nota, um porta-voz da empresa declarou: “Com base nessas análises, incluindo entrevistas com dezenas de funcionários e análise de documentos, não encontramos nenhuma evidência até o momento de que o Azure e as tecnologias de IA da Microsoft tenham sido usadas para atingir ou prejudicar pessoas no conflito em Gaza”.

“Aconteceu na mesma semana em que o Guardian divulgou que a Microsoft estava armazenando dados de vigilância em massa coletados de ligações de palestinos”, disse ele.

Outros funcionários também expressaram preocupação com o papel da empresa no conflito. “A cada segundo que esperamos, as coisas pioram na Palestina”, afirmou Nasreen Jaradat, funcionária da Microsoft. “Mais pessoas estão sendo bombardeadas, mutiladas e morrendo de fome. Precisamos agir.”

Desfecho

A manifestação durou cerca de duas horas e foi encerrada após a chegada da polícia, que ordenou a saída dos manifestantes. Segundo a empresa, os participantes foram convidados a se retirar, o que fizeram pacificamente.

Apesar da resposta contida da Microsoft, os manifestantes acreditam que o protesto faz parte de um movimento mais amplo de conscientização dentro da empresa. “Acreditamos que estamos incentivando conversas importantes entre os funcionários, para que reflitam sobre como seu trabalho pode estar contribuindo para o genocídio”, disse Julius Shan, engenheiro de software.

A mobilização acontece em meio a um cenário de agravamento da crise humanitária em Gaza. Segundo o Ministério da Saúde do território, mais de 62 mil palestinos já morreram desde o início da ofensiva militar de Israel, que teve início após os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2024. A ONU alerta para níveis alarmantes de fome, desnutrição e colapso dos sistemas de saúde na região.

A Microsoft, com sede em Redmond, emprega cerca de 47 mil pessoas na cidade. Durante o protesto, alguns funcionários pararam para ler os panfletos distribuídos, enquanto outros continuaram suas atividades normalmente.

*Com informações do The Guardian.

LEIA TAMBÉM:

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 24/08/2025