A decisão do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) de ficar nos Estados Unidos aumentou a lista de fugitivos da extrema-direita que vivem fora do país. Ele, que viajou no início do mês, anunciou na última terça (18) que não voltará ao Brasil.
O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro foi alvo de um pedido para apreender seu passaporte e decidiu se licenciar do mandato na Câmara por medo de ser preso ou ter o documento retido no Brasil.
Com a fuga, o parlamentar se une a outros bolsonaristas que já estavam fora do país há um tempo, como Allan dos Santos, blogueiro foragido desde 2021, quando teve sua prisão preventiva decretada por Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ele era alvo do inquérito das fake news, que investiga a criação de uma rede de desinformação nas redes sociais. Ex-comandante do canal “Terça Livre”, ele também é investigado por participação nas chamadas “milícias digitais”.
No fim de 2024, ele chegou a compartilhar que se tornou motorista de aplicativo na cidade de Orlando, na Flórida (EUA), e em janeiro deste ano teve um encontro com Eduardo no país, que viajava para acompanhar a cerimônia de posse de Donald Trump.
O empresário e ex-comentarista da Jovem Pan Paulo Figueiredo, neto de João Baptista Figueiredo, último ditador do regime militar no Brasil, também vive nos Estados Unidos. Ele, que teve as contas bancárias bloqueadas e o passaporte cancelado em 2023, está no país desde 2016 e foi radicado.
Apesar de viver há anos no país governado por Trump, Figueiredo foi um dos denunciados por participação na trama golpista. A Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta que ele antecipou detalhes de uma carta para pressionar militares e buscar adesão ao golpe em 2022, e o acusa de crimes como tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
A lista de fugitivos também inclui Oswaldo Eustáquio, blogueiro bolsonarista foragido desde 2022, quando teve a prisão decretada no âmbito do inquérito dos atos golpistas. Ele está na Espanha desde o ano seguinte, 2023.
Eustáquio enfrenta acusações de ameaça, corrupção de menores e tentativa de abolição do Estado democrático de direito, e tem dois mandados de prisão preventiva emitidos por Moraes. A Justiça espanhola negou um pedido de extradição do STF recentemente, alegando que as ações não constituem crime na legislação local.
Bruno Aiub, o Monark, youtuber de extrema-direita, deixou o Brasil e passou a viver nos Estados Unidos em setembro de 2023. Na ocasião, ele teve suas contas nas redes sociais desativadas e multado em R$ 300 mil por desobedecer ordem judicial e espalhar fake news na internet.
Em outubro passado, o influenciador foi condenado a 1 ano e 6 meses de prisão pela Justiça Federal por injúria contra o ministro Flávio Dino, do STF. A decisão foi proferida pela juíza federal Maria Isabel do Prado, da 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo, que ainda determinou o pagamento de uma indenização de R$ 50 mil ao magistrado.
Rodrigo Constantino, ex-comentarista da Jovem Pan, também é um dos alvos do Supremo que vive nos Estados Unidos. Ele já teve seus perfis bloqueados nas redes sociais ao menos duas vezes, em 2023 e 2024, por fake news.
O bolsonarista, que também é alvo do inquérito das fake news, vive nos Estados Unidos desde 2015 e, em junho passado, obteve cidadania americana.
O comentarista Luís Ernesto Lacombe também vive nos Estados Unidos. Ele iniciou o processo de imigração para o país em setembro passado e comanda o site bolsonarista Revista Timeline junto de Allan dos Santos.
Em janeiro deste ano, o STF determinou o bloqueio dos perfis da Timeline no X (ex-Twitter), Instagram e YouTube no Brasil.
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