A eleição de Roberto Prevost para ser o papa Leão XIV surpreendeu a todos. Embora tenha passado a mensagem de que dará continuidade ao trabalho de Francisco, um papa reformista e que tentou levar inclusão e diálogo à Igreja Católica, ainda é cedo para saber se Prevost será tão progressistas em questões mais sensíveis, ligadas à comunidade LGBTQIA+ e à maior participação de mulheres em postos de comando. A avalição é do Frei Betto, que concedeu entrevista ao jornalista Luis Nassif na noite de quinta (8), dia em que o conclave elegeu o sucessor do primeiro papa latino-americano.

“Fico esperançoso [com a eleição de Prevost] por várias razões. Não esperava que ele fosse eleito. Ele nasceu nos EUA, mas foi naturalizado peruano. (…) Depois, refletindo melhor, percebi que 80% dos cardeais nomeados por Francisco que estavam ali [no conclave] não se conheciam. Quem era conhecido por todos eles era o Prevost. (…) Todas as nomeações, ao longo de 12 anos de Francisco, passaram pelas mãos de Prevost. Ele era um nome de consenso“, comentou Frei Betto.

Prevost deve adotar o nome de Leão XIV. Em seu primeiro pronunciamento, ele demonstrou que irá dar sequência à obra do papa Francisco. A escolha do nome Leão XIV também é considerada significativa, pois Leão XIII foi o “papa da classe trabalhadora” e o criador da doutrina social da igreja, disse Frei Betto.

Leão XIII foi o primeiro a criticar o sistema capitalista, embora não com a mesma força de papas posteriores, como Francisco, afirmando que as relações capitalistas “não são justas” e “estão esmagando a classe trabalhadora”. Embora tenha nascido nos EUA, Prevost já criticou o presidente Donald Trump na questão dos imigrantes.

Embora haja esperança de que a Igreja Católica, sob este novo Papa, possa assumir a liderança contra o anti-obscurantismo, há relatos indicando que Prevost pode ser um pouco conservador em certos aspectos da “pauta de costumes”, como pouca abertura à comunidade LGBT e desfavorável à ordenação de mulheres. No entanto, Frei Betto acredita que é muito cedo para avaliar e ele próprio está surpreso com a escolha. “É muito cedo. Eu sou leigo em Prevost e estou aqui surpreendido como todo mundo.”

O cardeal brasileiro que recusou ser papa

Na entrevista a Luis Nassif, Frei Betto falou também sobre a história do cardeal brasileiro Aloísio Lorscheider, descrito como um grande estadista brasileiro e um cardeal muito respeitado, que rejeitou ser papa.

Segundo Frei Betto, Lorscheider foi eleito Papa no conclave que escolheu João Paulo I, mas recusou devido a problemas de saúde (oito pontes de safena), não querendo onerar a igreja com um novo conclave tão cedo.

A não eleição de Lorscheider é vista como uma chance perdida de ter um papa brasileiro e latino-americano mais cedo, levando a 34 anos de conservadorismo sob João Paulo II e Bento XVI e a perda de espaço da igreja no sul global. A comunidade dominicana, à qual Frei Betto pertence, é mencionada por seu histórico progressista e apoio aos pobres e críticos ao sistema capitalista.

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Last Update: 09/05/2025