Fieis fazem aceno a quadro do papa Francisco, no Vaticano. Foto: Anthony Wallace/AFP

O Papa Francisco, o primeiro pontífice latino-americano da história, foi sepultado neste sábado (26) na Basílica de Santa Maria Maggiore, encerrando cinco dias de homenagens que atraíram milhares de fiéis ao Vaticano.

O líder religioso, que morreu na última segunda-feira (21) aos 88 anos, deixou um legado marcado pela simplicidade, defesa dos mais vulneráveis e esforços para construir uma Igreja mais acolhedora – características que agora levantam a questão sobre sua possível canonização.

Conhecido como o “papa dos pobres”, Francisco revolucionou o papado com gestos concretos de humildade e abertura. Nascido Jorge Mario Bergoglio em Buenos Aires em 1936, filho de imigrantes italianos, ele escolheu seu nome em homenagem a São Francisco de Assis, símbolo da pobreza e simplicidade.

Durante seu pontificado, renunciou aos luxos tradicionais do Vaticano, optando por viver na modesta Casa Santa Marta em vez do palácio apostólico.

O processo que pode levar Francisco à santidade segue um rigoroso caminho estabelecido pela Igreja Católica. Conforme explicado pelo Dicastério para as Causas dos Santos, órgão responsável pelas canonizações, a santificação pode ocorrer por três vias: martírio (morrer pela fé), virtudes heroicas (vida de santidade exemplar) ou oferta de vida (sacrifício supremo em atos de caridade).

No caso de Francisco, especialistas acreditam que seu processo seguiria principalmente pela análise de suas “virtudes heroicas”, avaliando seu compromisso inabalável com os pobres, suas reformas na Igreja e sua postura humilde.

A jornada rumo à santificação começa com uma fase diocesana, onde são coletados documentos e testemunhos sobre a vida do candidato. Se aprovado nesta etapa inicial, Francisco receberia o título de “Servo de Deus”. O processo segue então para análise em Roma, onde o Dicastério avalia se o candidato praticou virtudes em nível “acima da média”, exigindo aprovação de teólogos, bispos e cardeais.

O papa Francisco morreu na última segunda-feira (21). Foto: reprodução

Para a beatificação, etapa seguinte. seria necessário comprovar um milagre atribuído à intercessão de Francisco, exceto no caso de mártires. A canonização, que declara oficialmente a santidade, normalmente requer a comprovação de um segundo milagre.

O último papa canonizado foi João Paulo II, em 2014, em um processo acelerado conduzido pelo próprio Francisco. Agora, o mundo católico se pergunta se o “papa dos pobres” seguirá o mesmo caminho.

Seu legado inclui gestos históricos como o ênfase na misericórdia em questões delicadas como divórcio e homossexualidade, a promoção do diálogo interreligioso e uma abordagem pastoral que priorizou as periferias existenciais. “Ele transformou a imagem da Igreja Católica no século XXI”, afirmou o teólogo Marco Politi ao Vatican News.

Enquanto o corpo de Francisco repousa em Roma, inicia-se discretamente o processo de avaliação que pode, no futuro, colocar o “papa dos pobres” no altar dos santos. Um caminho que, seguindo seus próprios ensinamentos sobre paciência e discernimento, deverá ser tão meticuloso quanto significativo para milhões de fiéis ao redor do mundo que viram em Francisco um farol de esperança e renovação para a Igreja.

Conheça as redes sociais do DCM:
⚪️Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo
🟣Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 26/04/2025