Papa Francisco, o Papa que mostrou a face de Cristo ao mundo
por Eduardo Ramos
Não sou católico. Na verdade, há décadas não frequento qualquer igreja nem professo religião alguma – institucionalmente falando. Acredito no Cristo e seus ensinamentos e ponto final, sequer tendo a coragem de pensar em mim mesmo como um “cristão” – no sentido de tudo o que deveria, em tese, caracterizar qualquer pessoa que assim quisesse se autodenominar. O cristianismo é, portanto, para mim, uma “fé”, uma crença, um farol humano-religioso, como uma espécie de “pano de fundo” para o modo que escolhi viver, ou “ser-no-mundo”.
Dito isso, sinto-me à vontade para falar desse personagem imenso, até onde pude estudar ou conhecer, certamente um dos maiores Papas de todos os tempos, um gigante nos quesitos principais que fazem um homem assim ser chamado: seu humanismo sincero, objetivo, apaixonado, bem como seu apreço à verdade e à justiça. Se é verdadeira a possibilidade de um líder religioso mostrar ao mundo um pouco do que seria “a face de Cristo na Terra” em nossos dias, Francisco certamente foi um desses homens, com uma coragem e simplicidade inigualáveis nessa caminhada, em suas falas e suas ações cotidianas.
Os registros que temos de seus sermões, seus encontros com líderes mundiais, suas opiniões sobre problemas como as guerras, os genocídios, a fome, as perseguições políticas revelam um homem sem qualquer receio de firmar opiniões, denunciar o mal onde quer que o percebesse, incentivar os oprimidos a lutarem, clamar pela verdadeira compaixão, a única que existe na verdade: as ações concretas de empatia pelos mais pobres, pelos necessitados, além de sua luta por uma democracia real nas nações, o horror explícito à tática covarde e perversa do uso das big techs para espalharem fake news por parte de tantos grupos políticos, a ganância torpe das elites e sua indiferença desumana em relação aos oprimidos, os humilhados desse mundo.
Deixa, Francisco, um legado inestimável, que sequer temos como mensurar nesse momento triste de sua morte. Será aos poucos, através de textos, vídeos, relatos, que formaremos um mosaico mais completo do ser humano, do Papa, do cristão, do missionário.
Os que o odiavam, alguns chegando ao ponto máximo de indignidade pessoal comemorando sua morte, claro, Francisco era um espelho que denunciava sua pobreza e sordidez dia e noite, não merecem ser comentados nesse artigo.
Que sigamos seu exemplo, sua coragem, sua luta, sua honestidade intelectual, Papa Francisco.
Fará uma falta imensa a todos que comungamos dos seus valores e exemplos!
Vai com Deus, Francisco, o Papa que nos mostrou um pouco da face de Cristo na Terra.
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