A França começou o processo de retirada de suas tropas militares do Senegal, culminando na devolução de uma base de comunicações militares no oeste do país africano às autoridades locais. A ação é uma resposta à decisão do governo senegalês de revogar um acordo de defesa que durava décadas com a antiga potência colonial, declarado como “incompatível” com a soberania nacional. Essa retirada francesa, que se tornou inviável diante do atual estágio da crise do imperialismo e do crescente sentimento anti-imperialista na África, é uma notícia positiva para os povos oprimidos do continente.
A estação de transmissão conjunta localizada em Rufisque, responsável por comunicações militares ao longo da costa atlântica sul desde 1960, foi formalmente entregue pelas forças francesas. Os franceses iniciaram a retirada de suas tropas em março, período no qual já havia transferido as instalações militares Marechal e Saint-Exupery para o governo senegalês.
Em maio, o acampamento Contre-Amiral Protet, situado no porto de Dakar, também foi devolvido. Uma comissão conjunta estabelecida pelos dois países para supervisionar o processo afirmou que a entrega das bases e a retirada de aproximadamente 350 militares franceses seriam concluídas até o final de 2025.
A embaixada francesa em Dakar, reforçou que “os últimos locais serão devolvidos até o final de julho de 2025, de acordo com o cronograma acordado em comum”. A comissão continua os esforços para “renovar a parceria bilateral de defesa e segurança”.
O Senegal obteve sua independência da França em 1960 e, por muito tempo, permaneceu como um dos fanctoches mais confiáveis do imperialismo francês na África Ocidental. Contudo, em novembro, o presidente Bassirou Diomaye Faye, que assumiu o cargo em abril de 2024, anunciou a decisão de remover completamente a presença militar francesa do país. Essa iniciativa reflete uma crescente demanda por soberania e autonomia por parte das nações africanas.
No início deste ano, o primeiro-ministro senegalês Ousmane Sonko afirmou que a França não possuía nem a capacidade nem a legitimidade para garantir a segurança e a soberania da África. As declarações de Sonko ocorreram após o presidente francês Emmanuel Macron alegar que os países do Sahel haviam “esquecido” de agradecer a Paris por sua intervenção militar contra ameaças jihadistas, uma afirmação que gerou indignação generalizada no continente.
A retirada das tropas francesas do Senegal não é um caso isolado. Vários países africanos, como Mali, Burkina Faso e Níger, já expulsaram militares franceses após golpes de Estado. O Chade também encerrou seu acordo de cooperação em defesa com a França no ano passado.
Em fevereiro, a França transferiu o acampamento militar de Port-Bouet, sua única base militar na Costa do Marfim, às autoridades do país. O presidente costa-marfinense Alassane Ouattara afirmou, em dezembro, que a saída de cerca de 600 militares franceses visa modernizar as forças armadas nacionais.