Os ministros das Relações Exteriores da França, Alemanha, Itália e Reino Unido anunciaram neste sábado (8) apoio ao plano árabe de reconstrução de Gaza, que prevê investimentos de US$ 53 bilhões e a permanência da população palestina no território.
A proposta, elaborada pelo Egito e aprovada por líderes árabes neste mês, busca recuperar a infraestrutura destruída durante 15 meses de guerra, mas enfrenta oposição de Israel e do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Em comunicado conjunto, os chanceleres europeus destacaram que “o plano apresenta um caminho realista para a reconstrução de Gaza e promete – se implementado – uma melhoria rápida e sustentável das condições de vida catastróficas da população palestina”.
O apoio europeu fortalece a iniciativa árabe, que surge como uma alternativa à proposta de Trump de desocupar Gaza e transformá-la em um centro turístico sob controle dos EUA.
A proposta aprovada pelos países árabes prevê que um comitê independente de tecnocratas assuma a administração da Faixa de Gaza por seis meses, antes de transferir a governança para a Autoridade Palestina. A reconstrução ocorrerá em três fases, com a remoção de escombros, recuperação da infraestrutura básica e desenvolvimento econômico.
O plano também sugere o envio de tropas internacionais de paz por meio de uma resolução da ONU, enquanto Egito e Jordânia treinarão forças de segurança palestinas para manter a estabilidade no território.
Apesar do apoio europeu, o governo dos EUA demonstrou resistência à iniciativa árabe. A porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, afirmou que o plano “não atende às expectativas” de Washington. Por outro lado, o enviado especial de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, classificou a proposta como um “primeiro passo de boa-fé por parte dos egípcios”, sinalizando uma possível abertura para negociações.
A proposta árabe, no entanto, não detalha o futuro do Hamas em Gaza. O comunicado europeu enfatiza que o grupo “não pode mais governar Gaza nem representar uma ameaça a Israel” e reforça o apoio ao fortalecimento da Autoridade Palestina e à implementação de sua agenda de reformas.
A iniciativa árabe e o respaldo europeu aumentam a pressão sobre os Estados Unidos e Israel, que continuam bloqueando negociações para um cessar-fogo definitivo. Enquanto o plano árabe busca a reconstrução e a estabilidade da Faixa de Gaza, o impasse diplomático e a postura de Washington e Tel Aviv seguem como obstáculos para a implementação de uma solução duradoura para o território.