A jornalista e fotógrafa Gabriela Biló tem sido alvo de uma campanha de difamação e ataques coordenados por bolsonaristas após a divulgação da imagem que registrou a cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos pichando uma estátua no Palácio do Planalto durante os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

A fotografia, que se tornou um dos símbolos da destruição promovida por extremistas, ajudou a identificar os envolvidos e reforçou as provas do julgamento que ocorre no Supremo Tribunal Federal (STF).

Desde que o voto do relator Alexandre de Moraes foi divulgado – condenando Débora a 14 anos de prisão, com a concordância do ministro Flávio Dino até o momento –, os ataques a Gabriela Biló se intensificaram. Perfis bolsonaristas passaram a promover uma ofensiva de desinformação e intimidação contra a fotógrafa, acusando-a de “militância” e até questionando a veracidade da imagem.

“Gabriela Biló é a fotojornalista que entregou a manicure Débora para o Alexandre de Moraes”, escreveu um sujeito no X.

“A mão de Deus cairá sobre você como você caiu em cima da Debora”, afirmou uma evangélica doente. Um animal gravou um vídeo em seu canal “denunciando” Gabriela.

Esses ataques seguem um padrão já conhecido da extrema-direita: em vez de lidar com os fatos, os seguidores do ex-presidente optam por desqualificar e perseguir aqueles que expõem a realidade.

A perseguição contra Gabriela Biló não é um caso isolado. Jornalistas, principalmente mulheres, têm sido alvos frequentes de ataques desde o governo Bolsonaro. A estratégia inclui campanhas de ódio, linchamentos virtuais e ameaças diretas, estimuladas por lideranças políticas.

Um dos argumentos mais usados pelos defensores de Débora nas redes sociais é o de que “14 anos de prisão por pichar uma estátua” seria um exagero. Mas o objeto danificado é um detalhe dentro de um pacto pelo desmonte do Estado Democrático de Direito.

 

O ato de pichar a estátua com batom foi apenas a última etapa de um processo consciente e articulado. Desde o fim das eleições de 2022, Débora participou de acampamentos diante de quartéis, defendeu intervenção militar e, no dia 8 de janeiro, integrou a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes.

O STF não está julgando um ato isolado, mas uma sequência de crimes:

  • Abolição violenta do Estado Democrático de Direito (art. 359-L do CP);
  • Tentativa de golpe de Estado (art. 359-M);
  • Dano qualificado com violência (art. 163, parágrafo único, I, III e IV);
  • Associação criminosa armada (art. 288, parágrafo único);
  • Deterioração de patrimônio tombado (art. 62, I da Lei 9.605/98).

A pena sugerida de 14 anos decorre do concurso material entre esses delitos, todos cometidos dentro de uma mesma “obra comum”. Segundo Moraes, “o desencadeamento violento da empreitada criminosa afasta a possibilidade de que a denunciada tenha ingressado na Praça dos Três Poderes de maneira incauta”.

O linchamento virtual contra Gabriela Biló é mais um capítulo da guerra bolsonarista contra a realidade. A fotografia documenta um crime, e a Justiça está tratando a questão dentro do devido processo legal.

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Last Update: 22/03/2025