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Da Página do MST
No dia 17 de fevereiro de 2025, foi realizada a abertura oficial da Formação Estadual dos Educadores e Educadoras de Jovens e Adultos do Estado de Sergipe, que ocorreu até sexta em Quissamã, em Nossa Senhora do Socorro/SE. O evento integra o Projeto de Alfabetização e Escolarização Inicial de Jovens e Adultos em Assentamentos e Acampamentos da Reforma Agrária na Região Nordeste, uma iniciativa coletiva para garantir o direito à educação nas áreas de luta pela terra.
A formação, que faz parte da Jornada EJA no Nordeste, conta com o apoio de diversas instituições, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera).
O principal objetivo do encontro é fortalecer a prática pedagógica dos educadores e aprimorar as estratégias de alfabetização e escolarização inicial, garantindo que jovens e adultos das áreas de reforma agrária tenham acesso a uma educação de qualidade, baseada na realidade do campo e nos princípios da educação popular. A EJA, desenvolvida nos territórios de assentamentos e acampamentos, é uma ferramenta fundamental para transformação social, promovendo a autonomia dos trabalhadores rurais por meio do acesso ao conhecimento, valorização das experiências e o fortalecimento de uma identidade forte em nossas áreas de reforma agrária.
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Durante a abertura, Acácia Feitosa, do Setor de Educação do MST, destacou a retomada do Centro de Formação Canudos como um marco na renovação da educação no campo. Ela ressaltou que a reativação deste espaço, interrompido por mais de seis anos, simboliza o reerguimento das políticas educacionais que foram interrompidas, como o PRONERA, e reforça o compromisso de levar o conhecimento aos assentamentos e acampamentos. “Nós estamos aqui para retomar a educação dos nossos assentamentos, dos nossos acampamentos e a educação rural como um todo”, afirmou Acácia, enfatizando a importância de manter espaços que possibilitem a transformação social e a construção de uma identidade forte nas comunidades rurais.
O professor André, da UFPE, também ressaltou, durante sua fala, o papel transformador dos educadores, destacando que “vocês não vão transmitir somente uma técnica de leitura e de escrita.” Com essa afirmação, ele enfatizou que a formação vai além do ensino tradicional, promovendo um processo de empoderamento coletivo e a construção de um futuro popular.
Manoel Oliveira, da Direção Nacional do MST, reforçou o protagonismo de mulheres e jovens na transformação social ao afirmar: “Queremos que 70% do público seja composto por mulheres e jovens, pois são eles os protagonistas das mudanças. Esse direcionamento, presente em todos os editais, evidencia não só o protagonismo dos jovens, mas também a liderança das mulheres, cuja força transforma nossas comunidades.”
Em uma análise de conjuntura, Zé Roberto, da Coordenação do MST, destacou a importância de compreender as raízes históricas e as causas dos problemas atuais. Ele afirmou que “temos que rememorar o passado para entender o presente e preparar o futuro. Se compreendermos as causas dos nossos problemas – seja na educação, na agricultura ou na sociedade – poderemos enfrentar as lutas de classes e construir uma nova realidade.”
Com uma programação rica em atividades pedagógicas, debates e trocas de experiências, o encontro reafirma o compromisso dos educadores populares com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, onde o direito à educação seja garantido para todos. O evento também celebra a retomada do Centro de Formação Canudos, símbolo da resistência e da luta pela educação do campo, essencial para impulsionar a autonomia e o protagonismo das comunidades envolvidas.
*Editado por Fernanda Alcântara