No sábado (10), tropas norte-americanas na Zona de Pouso Rumalin, no nordeste da Síria, foram atacadas por um drone da resistência iraquiana. Este é o segundo ataque às forças dos EUA no Oriente Médio neste mês. Vários soldados dos EUA foram feridos em um ataque com foguetes na Base Aérea de Al-Asad, no Iraque, na segunda-feira (5).
A agência Reuters citou um membro do governo dos EUA que afirmou que “relatórios iniciais não indicam feridos, no entanto, avaliações médicas estão em andamento. Atualmente estamos conduzindo uma avaliação de danos“. As imagens da base mostram que a explosão causou um incêndio. Essa escalada de ataques da resistência iraquiana aos EUA já havia sido anunciada no mês de julho, mas deve ser intensificada ainda mais devido ao assassinato de Ismail Hanié, o líder do Hamas, por “Israel” no Irã.
A guerra dos EUA contra o Iraque
Na mesma semana que “Israel” assassinou um comandante do Hesbolá em Beirute, no Líbano, e o líder do Hamas em Teerã, o exército dos EUA assassinou um importante líder da resistência iraquiana. Um ataque militar dos EUA contra membros do Cataebe Hesbolá (CH) no Iraque resultou na morte de um especialista raquidiano, Abu Hassan al-Maliki, e um especialista em mísseis iemenita, Hussein Abdulah Mastour al-Shabal. O Cataebe Hesbolá informou que a equipe atacada “é especializada em desenvolvimento de armas, não na implementação”.
Essa informação desmente a declaração dos EUA, que afirmou que o ataque foi uma medida defensiva contra combatentes da resistência no Iraque que se preparavam para lançar ataques de drones contra forças dos EUA e aliadas na região. Uma fonte do CH informou ao The Cradle: “os membros da equipe estavam na fase final de testes de uma nova tecnologia relacionada a drones, e essa é a razão do ataque norte-americano. Essa tecnologia, que pode entrar em confronto em breve, causará danos que os EUA não podem aceitar, e o bombardeio veio para bloquear o caminho para esse desenvolvimento, mas não conseguiu alcançar seu objetivo”.
O grupo alvo, conhecido como “Al Nour,” incluía o comandante do CH, Ahmed Najm Abdul Zahra, também conhecido como Abu Hassan al-Maliki ou “Abu Hassan Biden.” O apelido “Biden” está ligado ao envolvimento de Maliki em uma operação contra Joe Biden quando ele era vice-presidente sob Barack Obama, e ocorreu na Zona Verde fortificada de Bagdá durante sua visita surpresa ao Iraque em setembro de 2009. Maliki foi preso e encarcerado por forças norte-americanas por três anos antes de ser liberto em 2012.
O CH identificou a Base Aérea Ali al-Salem, no Cuaite, como o local de lançamento dos drones dos EUA que atingiram Maliki e seus camaradas no Iraque, o país árabe vizinho dos iraquianos negou, mas de fato os EUA podem ter usado a base.
Outro membro da resistência iraquiana declarou ao The Cradle: “o círculo de confronto com ‘Israel’ inclui a Resistência Islâmica em Gaza e no Líbano, enquanto a Resistência Islâmica no Iraque, além de suas operações através do território sírio, bem como as Forças Armadas Iemenitas, realizam as tarefas de um círculo mais amplo, que é a frente de apoio, que produziu coordenação e operações conjuntas entre as duas em um amplo ambiente, começando do Iraque e do Mar Mediterrâneo no norte e até o Mar Arábico e o Estreito de Bab al-Mandab no sul”.
E ainda comentou: “apesar da localização do Líbano no Mar Mediterrâneo e da presença do Hesbolá, os esforços para impor um bloqueio naval recaem sobre os ombros da frente de apoio iraquiana e iemenita dentro da divisão de papéis deliberada. Observe que a frente do Iêmen tem uma peculiaridade – porque ‘Israel’ atacou o porto de Hodeidá, o Iêmen pode, portanto, responder dentro da Palestina ocupada”.
As colocações são muito importantes, pois demonstram o nível de coordenação do Eixo da Resistência. O Iêmen e a resistência iraquiana estão operando de forma conjunta no ataque aos portos israelenses. As relações entre Iêmen e Iraque cresceram exponencialmente nos 10 meses de guerra. O Hesbolá tem outros objetivos que não o porto de Haifa. Um dos motivos é que bombardear Haifa pode levar a guerra total entre “Israel” e Hesbolá, já os iraquianos não têm esse risco.
A guerra de libertação nacional no Iraque
O Major General Iahia Rasul, porta-voz das forças armadas do Iraque, condenou o bombardeio de Jurf al-Sakhar, chamando-o de um “crime hediondo” e um “ataque flagrante” à soberania do Iraque. Para o constrangimento do primeiro-ministro do país, al-Sudani, os ataques aéreos dos EUA ocorreram pouco depois dele ter implorado publicamente à resistência iraquiana para que se abstivesse de operações contra alvos dos EUA.
Um conselheiro do premiê iraquiano, falou anonimamente ao The Cradle afirmou: “não há indicação de suspensão das negociações entre os dois países no fim da coalizão internacional e na retirada das forças dos EUA. A recente ligação do Secretário de Estado dos EUA [Antony] Blinken com al-Sudani incluiu a discussão de um cronograma de retirada”. Essa retirada, segundo o ele, inclui a saída das forças de combate da maior parte do Iraque até 2025 e da região do Curdistão até 2026.
Mas essa posição é extremamente impopular não só pela demora, mas porque não há uma confiança de que os EUA de fato irão se retirar. Por isso as organizações da resistência voltaram a realizar os ataques contra os EUA. O líder do Hesbolá al-Nujaba afirmou na quarta-feira (7): “o período que se aproxima testemunhará ataques contínuos contra as forças norte-americanas, seja dentro do Iraque ou fora dele, especialmente porque todas as organizações de resistência concordam que a ocupação não sairá por meio de negociações governamentais, mas sim por meio de operações militares que possam forçá-la a cumprir nossas exigências”.
No sábado (10), o principal líder religioso do Iraque, aiatolá al-Sistani, condenou “Israel” por realizar um novo massacre na Faixa de Gaza. O grupo da resistência Saied al-Shuhada emitiu um comunicado: “A declaração da suprema autoridade religiosa, Sua Eminência Saied Sistani (que sua sombra se estenda), sobre o massacre cometido pela entidade usurpadora na Escola Al-Tabain, e as importantes mensagens e sinais claros que ela continha, fortaleceram a resistência legítima e renovaram o apelo aos espectadores, lembrando-lhes a postura da autoridade religiosa em apoiar nosso povo na Palestina ocupada e o direito das nações de resistirem à ocupação, independentemente de sua forma ou localização”.
É mais um sinal de que a resistência iraquiana se prepara para uma grande investida contra os EUA. Ao que tudo indica, na conjuntura geral de contra-ataque da resistência ao sionismo e ao imperialismo, a frente iraquiana é onde haverá um maior crescimento das operações militares.