O Exército brasileiro abriu uma investigação interna após um relatório da Polícia Federal (PF) indicar que viaturas de batalhões de Goiânia foram usadas por militares na trama golpista arranjada pelo entorno do presidente Jair Bolsonaro (PL), após o ex-presidente ser derrotado nas urnas em 2022.
A informação foi confirmada pelo Exército ao jornal Folha de S. Paulo. “Foi instaurado um procedimento administrativo a fim de verificar o cumprimento das medidas regulamentares para o uso de viaturas no âmbito daquela Organização Militar”, disse a Força, em nota.
A investigação interna é conduzida pelo Comando de Operações Especiais, núcleo dos chamados “kids pretos”, grupo de elite do Exército. De acordo com a reportagem, todos os batalhões subordinados são alvos da sindicância.
Junto com Bolsonaro, alguns kids pretos foram indiciados pela PF por possível envolvimento em um dos planos da trama golpista, intitulado de “Punhal Verde Marelo”, que previa a execução do presidente eleito Lula (PT), do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Esse plano em específico teria sido elaborado pelo general Mário Fernandes, ex chefe-substituto da Secretária-geral da Presidência. Contudo, antes de assumir o cargo no governo Bolsonaro, o militar chefiava justamente o Comando de Operações Especiais em Goiânia.
Segundo a PF, um veículo pertencente ao 1º Batalhão de Ações de Comandos (BAC), modelo Palio, na cor preta e descaracterizado, circulou junto ao carro do major Rafael de Oliveira, um dos supostos kids pretos envolvidos no plano de assassinato. Imagens de câmeras na rodovia BR-060, que liga Goiânia a Brasília, mostraram a movimentação dos veículos.
Segundo a Folha, esses registros foram feitos no dia 15 de dezembro de 2022, quando, segundo a PF, os acusados planejavam o ataque contra Moraes. Contudo, por volta de 21h daquele dia, o plano foi abortado. Os veículos identificados, então, retornaram a Goiânia, de acordo com as imagens gravadas pouco depois da 0h de 16 de dezembro.
Os ocupantes do carro não foram identificados, mas as imagens indicam que seriam ao menos duas pessoas. A PF ainda identificou que pelo menos outras seis viaturas do Exército percorreram o trecho entre Goiânia e Brasília no fim de 2022. Segundo a Força, os dados dessas viagens já foram solicitados.
A PF também apurou que o plano do general Mário Fernandes envolvia o uso de armamento exclusivo do Exército. Entretanto, não houve qualquer registro de saída de armamento ou munição dos quarteis investigados.
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