Um coronel da reserva do Exército, que se encontrou pelo menos seis vezes a portas fechadas com Jair Bolsonaro (PL) nos palácios do Planalto e da Alvorada em 2019, é o informante citado pelo ex-presidente na reunião sobre o caso das “rachadinhas” que envolvia Eduardo Bolsonaro, segundo pessoas próximas aos acontecimentos.
Uma das participantes desse encontro, a advogada Juliana Bierrenbach, concedeu entrevista ao DCM TV nesta última segunda-feira (15).
Na última segunda-feira (15), o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), retirou o sigilo do áudio de agosto de 2020, no qual Bolsonaro discutiu o uso da máquina federal para tentar anular a investigação contra seu filho mais velho.
Na reunião, Bolsonaro se comprometeu a falar com os chefes da Receita Federal e do Serpro — a empresa estatal que controla os dados do Fisco — no intuito de buscar provas que pudessem mostrar que Eduardo teve seus sigilos acessados ilegalmente na origem da investigação.
Participaram dessa reunião, além do então presidente, seu chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, o então diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alexandre Ramagem (PL) e duas advogadas de Eduardo, Luciana Pires e Juliana Bierrenbach.
Logo no início da reunião de 25 de agosto de 2020, Bolsonaro afirma que as informações lhe foram passadas por “um coronel do Exército” e, em tom de ironia, acrescenta que deveria “ter trocado pelo serviço secreto russo”.
Bolsonaro menciona ter esquecido o nome, momento em que Augusto Heleno diz saber quem é a pessoa, mas também demonstra hesitação em lembrar. Então, ele fala “Magela”, repetido por Bolsonaro.
Pessoas próximas ao caso afirmam que a referência, na verdade, é a “Marsiglia”, sobrenome do coronel reformado do Exército Carlos Alberto Pereira Leonel Marsiglia.
A agenda pública de Bolsonaro na Presidência mostra que em seis ocasiões, sendo cinco delas a sós, ele recebeu o coronel Marsiglia no primeiro semestre de 2019, mais de um ano antes da reunião de 2020, nos palácios do Planalto e da Alvorada.
O primeiro encontro foi registrado em 28 de março daquele ano. O último, em 23 de maio.
A única reunião de Bolsonaro com Marsiglia com mais participantes registrada na agenda foi em 22 de maio, véspera da última reunião, na presença dos então ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e da Economia, Paulo Guedes.
A Folha procurou a defesa de Bolsonaro e o coronel Carlos Marsiglia, mas não obteve resposta ou não conseguiu contato.
Marsiglia, que foi para a reserva no Exército por volta de 2013 e não tinha cargo público na ocasião, é irmão de um auditor da Receita Federal do Rio de Janeiro que, junto com outros colegas, estava em litígio com o órgão e cujo caso estava sendo usado pela defesa de Eduardo para tentar provar a tese de acesso ilegal pelo Fisco aos dados.
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