Desde a última sexta-feira (23), os incêndios no estado de São Paulo vêm chamando a atenção de todo o País por sua magnitude. Apenas nesse dia, foram registrados mais de 1.800 focos de queimadas.
A situação segue completamente fora de controle. Centenas de animais já foram mortos pelas chamas, causando um prejuízo significativo na pecuária local. Um dos casos de maior destruição ocorreu em um assentamento em que residem 360 famílias entre Guatapará e Pradópolis, na Zona Rural de Ribeirão Preto. Oito casas foram totalmente destruídas e outras 80 foram atingidas pelas queimadas.
De acordo com relato do agricultor Sérgio Roberto Gomes à Folha de S.Paulo, as chamas destruíram em apenas 40 minutos tudo o que ele havia cultivado e construído no local ao longo de 12 anos. Segundo ele, morreram 170 frangos e 15 porcos, além de soja, farelo de milho e silo para vaca que existiam no local. O agricultor calcula um prejuízo na ordem de R$70 mil.
Outro relato feito à Folha, do agricultor Nelson Cardoso Junior, expôs que os incêndios são constantes na região. Segundo ele, essa é a segunda vez no ano em que teve perda total causada pelas queimadas. A primeira foi em janeiro, quando perdeu sua casa e tudo o que tinha nela.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o número de focos de incêndio registrados nos primeiros oito meses do ano é o maior desde 2010 e 75% acima do computado no mesmo período no ano passado. Em São Paulo, foram registrados 3.480 pontos em agosto, um recorde para o estado em toda a série histórica, que vem sendo medida há quase três décadas.
Em pronunciamento feito na tarde dessa segunda-feira (26), o secretário nacional de Proteção e Defesa Civil de São Paulo, Wolnei Wolff, admitiu que as queimadas não ocorreram por “causas naturais”. Segundo ele, 99,9% dos incêndios registrados nos últimos dias foram causados pela ação humana. Ele ainda alegou que quase 50 cidade foram atingidas pelas chamas. Até a noite do domingo (25), 48 cidades já estavam em alerta máximo por causa das chamas.
Há um esforço da burguesia para apresentar os fatos como o resultado da ação de alguns indivíduos isolados. Até o fechamento desta edição, três homens haviam sido presos sob suspeita de atear fogo nos matagais. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que estava “em guerra contra o fogo e contra a criminalidade”.
Assim como as enchentes no Rio Grande do Sul, as queimadas estão diretamente relacionadas com problemas políticos de maior envergadura. Elas são, em primeiro lugar, a expressão de uma das maiores chagas do País: a existência do latifúndio. Em um país onde milhões de pessoas passam fome, milhões de pessoas não têm emprego e milhões de pessoas não têm onde morar, a terra está concentrada nas mãos de poucas pessoas. Uma concentração que visa não à exploração da terra e ao desenvolvimento econômico, mas à especulação.
As terras ociosas do latifúndio são extremamente propícias às queimadas. Estivessem elas sendo devidamente cultivadas e ocupadas, dificilmente algo assim aconteceria.
As queimadas também estão sendo utilizadas para uma outra malfeitoria: deixar a população sem água. Cidades como Franca, por exemplo, já estão endo atingidas por isso.
O problema da água, contudo, não tem nada a ver com as queimadas. Elas são o resultado direto de outro crime contra a população: a entrega das empresas de grandes serviços públicos para as mãos de vampiros que não ligam a mínima para as necessidades do povo. A privatização da Companhia de Água e Esgoto de São Paulo, a Sabesp, é o verdadeiro motivo para haver falta de água.
É preciso, diante das queimadas, denunciar a política de total destruição do País que está sendo levada adiante por figuras como Tarcísio de Freitas (Republicanos) e por Eduardo Leite (PSDB). A burguesia e seus fantoches estão devastando o País a mando de seus patrões, os grandes bancos.
É preciso expropriar o latifúndio e dar terra a quem nela trabalha, é preciso reverter a privatização das empresas públicas e é preciso colocar para fora os inimigos da população que se encontram nos governos estaduais.