Flor de Mururé lança o álbum Croa, após construir seu universo musical entre estudos de música e cultura popular.
“Croa significa coroa, cabeça, origem. Queria passar com essa palavra a ideia de ter cabeça para lidar com as situações da vida e seguir o caminho”, relata em entrevista.
Jovem artista transgênero, ele saiu de casa aos 16 anos e abandonou o Conservatório Carlos Gomes, em Belém, após dez anos de estudos de violão, canto coral, violino e flauta.
Nas ruas da capital paraense, encontrou a cultura popular nas rodas de carimbó. “São manifestações de resistência, o que pela cidade é muito significativo, já que a gente não tem tanto espaço para isso.”
O álbum combina a fé com ritmos ancestrais e amazônicos. “A construção do repertório se deu pela minha caminhada espiritual.”
O disco é muito bem executado sonoramente, com batuques, carimbó, guitarrada, coco e outros ritmos urbanos.
O disco é tratado por Flor de Mururé como um manifesto LGBTQIA+. “Primeiro pela vida. Só o fato de estar vivo já é um manifesto.”
O álbum conta com as participações de diversos artistas transgênero e mestres de ritmos amazônicos.
“Trazer algumas pessoas comigo é muito importante para mostrar nosso movimento, o que a gente está fazendo, que a gente existe, que a gente está se movimentando.”
O artista vê a Amazônia como uma espécie de periferia do Brasil.
“E eu estou na periferia da periferia, sendo esse corpo marginalizado.”
O disco Croa está disponível nas plataformas de música.