Redação Viomundo
Hoje, 6 de agosto de 2025, faz 80 anos que os Estados Unidos Unidos lançaram a bomba atômica na cidade de Hiroshima, no Japão.
Às 8h45 de 6 de agosto de 1945, o bombardeiro americano Enola Gay, pilotado pelo coronel Paul Tibbets, jogou a bomba, que ironicamente chamava-se Little Boy.
Em 2017, o médico Flavio Witllin teve a oportunidade de ouvir no palco do Teatro João Caetano de São Paulo o depoimento de três sobreviventes de Hiroshima.
O resultado foi texto abaixo, publicado originalmente pelo Viomundo em 28 de agosto de 2017, e que hoje reproduzimos.
Por Flavio Witllin, especial para o Viomundo
Nesse sábado, experimentei uma emocionada epifania – palavra feia mas repleta de significado – ao ver e ouvir no palco do Teatro João Caetano de SP três sobreviventes da explosão atômica de Hiroshima.
Isto mesmo!
Tomando-se uma ordem de grandeza acerca de crimes de lesa-humanidade os ataques nucleares a Hiroshima e Nagasaki são equivalentes à barbárie dos campos de concentração e dos Einsatzgruppen (esquadrões de fuzilamento) nazis.
A guerra entre Aliados e Eixo, definitivamente, não cabe no reducionismo da luta entre o Bem e o Mal.
Por iniciativa do ator e diretor Rogério Nagai, sansei de 38 anos, o sr. Takashi Morita, 93 anos, a sra. Junko Watanabe, 74 anos (tinha 2 anos então) e o sr. Kunihiko Bonkohara, 77 anos (estava com 5 anos à época) encenaram uma peça sobre si mesmos: Os Três Sobreviventes de Hiroshima.
Entrecortados pela narrativa implacavelmente crítica do jovem autor, com imagens extraídas de documentários ao fundo e sonoplastia adaptada à forma teatralizada de Rogério, seus depoimentos verdadeiros – não precisaria dizer – foram pungentes.
(O horror que aconteceu naquelas duas castigadas cidades japonesas não cabe na linguagem humana).
Takashi Morita, ex-membro da bárbara polícia do exército de Hirohito – o imperador impune do militarismo japonês que se uniu a Hitler e Mussolini –, virou de lado e tornou-se um amoroso militante da causa da paz entre os povos.
Como os outros dois, que tornaram o Brasil a sua pátria, Morita viajou dezenas de países para denunciar a suprema malignidade que representa a guerra – e dentro dela a utilização de artefatos nucleares.
Em tempos de aventureiros belicosos como Trump e Kim Jong-un, despertar e mobilizar os bilhões de corações e mentes da Terra contra a escalada retórica de ameaças mútuas e ensaios militaristas de explosão destes artefatos já passa da hora.
Hoje em dia – segundo pesquisa do Rogério – há cerca de 16 mil ogivas nucleares muito mais potentes do que as bombas de Hiroshima (120 mil mortos imediatos na explosão) e Nagasaki (70 mil assassinados), e bastaria a explosão de 250 delas para destruir o planeta.
PS: Recomendo a leitura de A última mensagem de Hiroshima, de Takashi Morita. Seu apelido é Gato de 7 Vidas, pois conseguiu chegar a esta idade com resiliência inacreditável.
Além dos horrores da bomba atômica, conseguiu escapar ileso do bombardeio de Tóquio, ocorrido semanas antes, de furacões devastadores em Hiroshima, de uma leucemia em 1950 e de um assalto à mão armada na sua mercearia em São Paulo.

PS do Viomundo: Como muitos já identificaram o tsuru é o origami.