Flávio Dino pede nova auditoria à CGU, após TCU informar que apenas 19% das emendas pix são rastreáveis

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, solicitou nesta terça-feira (18) à Controladoria-Geral da União (CGU) uma nova auditoria sobre R$ 469 milhões em emendas parlamentares de 2024. O prazo para conclusão é de 60 dias, com foco nas emendas cujos recursos não possuem plano de trabalho cadastrado.

O pedido foi feito após o Tribunal de Contas da União (TCU) informar que apenas 19% das chamadas “emendas PIX” permitem o rastreamento completo dos recursos, do autor da emenda ao beneficiário final, com base em extratos bancários.

“Nos últimos seis anos, aproximadamente 86% das emendas parlamentares pagas foram executadas por meio de transferências (Pix), enquanto 14% ocorreram por aplicação direta. Entre as transferências, apenas cerca de 19% permitem rastrear o percurso do recurso desde o autor da emenda até o beneficiário final”, diz a nota do TCU.

Segundo o TCU, essa dificuldade ocorre porque 69% das transferências foram feitas na modalidade Fundo a Fundo, que utiliza contas genéricas, inviabilizando o rastreamento do destino final dos recursos.

644 emendas — R$ 469 milhões

Há, atualmente, 644 emendas — correspondentes a R$ 469 milhões — que ainda carecem de detalhamento na plataforma Transfere.gov, sistema responsável por registrar as movimentações orçamentárias da União.

Apesar de reconhecer os esforços dos ministérios da Fazenda e da Gestão e Inovação para aumentar a transparência e rastreabilidade, o ministro Flávio Dino reiterou na decisão que ainda há necessidade de novas providências.

Em razão disso, solicitou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) seja informada sobre os planos não cadastrados, para que avalie a responsabilidade de gestores estaduais e municipais omissos, com possibilidade de enquadramento por improbidade administrativa.

Dino também determinou que o TCU reavalie o cumprimento da exigência de apresentação dos planos de trabalho referentes às emendas PIX entre 2020 e 2023, com entrega do relatório até 28 de março. Já a CGU deverá auditar 126 planos de trabalho aprovados — 59 de 2024 e 67 de anos anteriores — para verificar a correta execução dos recursos.

As recentes decisões do ministro Flávio Dino têm como objetivo aumentar a transparência na aplicação das emendas parlamentares, para assegurar a rastreabilidade das transferências, a identificação dos responsáveis pela execução e a verificação do destino final dos recursos, iniciativas que têm desagradado parlamentares, sobretudo da extrema direita. Ainda assim, em dezembro, o ministro liberou uma parcela do orçamento, exigindo o cumprimento de critérios específicos.

Leia também:

Artigo Anterior

Ministro do STF ordena auditoria da CGU para investigar 664 emendas PIX

Próximo Artigo

Para manter bancada no Congresso, PT aprova reeleição em reunião tensa

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter por e-mail para receber as últimas publicações diretamente na sua caixa de entrada.
Não enviaremos spam!