O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), escolhido por Jair Bolsonaro para ser o candidato da família na disputa presidencial do próximo ano, revelou em três dias que pode desistir da candidatura, mas tem um preço. Nem precisou dizer: anistia para livrar o pai da cadeia.
A fala do parlamentar revela que não existe um projeto político da família. Além disso, a atitude foi interpretada como desastrosa e desrespeitosa com o capital político que ainda resta ao clã.
Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), o movimento é de autopreservação. “Chantagem descarada! É como tirar o pino de uma granada e dizer: ou a impunidade do papai ou explodo isso tudo”, avalia.
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O parlamentar também diz que se trata de uma situação fadada ao fracasso. “Vai perder novamente, porque só amplia a rejeição à anistia ilegal. Além de preso, Bolsonaro está inelegível, e isso é irreversível. Sairá humilhado da brincadeira”, diz.
“Depois essa corja quer ser levada a sério. Não tem projeto de nada, nem plano de fuga decente. É só uma família de vigaristas desesperada para sair da cadeia. Colocam seus eleitores como reféns num sequestro, que podem ser trocados por qualquer moeda. É o fim”, prevê Orlando.
O parlamentar observa ainda o tumulto provocado pela indicação. “Está divertido ver o desespero da mídia com a indicação de Flávio em detrimento de Tarcísio (de Freitas, governador de São Paulo) no campo bolsonarista. As manchetes estão ensinando matemática básica, como se isso resolvesse a política”, ironiza.
“Acontece que banqueiro tem dinheiro, mas não tem voto. Voto também é poder. Bolsonaro tem voto e tem duas alternativas: pode sentar em cima dos votos, mesmo se for para perder a eleição, mantendo-se com o capital político; e alterar a rota quando e se for mais conveniente para si. Sem agonia, aguardem mais 72 horas ou mais, talvez até as convenções eleitorais. Política é assim – e está tudo bem”, diz.