58% dos brasileiros acreditam que a economia está no caminho errado, de acordo com pesquisa do Datafolha. Apenas 35% consideram o caminho certo, e 7% não souberam responder. A insatisfação prevalece em 72 dos 80 recortes analisados, com destaque entre jovens e pessoas com ensino superior.
A informação, divulgada hoje, mostra que o governo precisa resolver três importantes gargalos, que já estão corroendo a avaliação do governo e ameaçam o legado do presidente.
O primeiro é a falta de combate efetivo ao terrorismo fiscal da mídia. Mas esse é um problema menor, e o governo não pode fazer muita coisa além do dever de casa, o que já está fazendo.
O segundo problema, por outro lado, é o mais urgente todos, e o governo deve ficar atento não apenas para resolvê-lo rapidamente, como para explicá-lo muito bem para a população: a inflação dos alimentos. É preciso explicar a inflação de cada alimento mais importante.
O terceiro problema, todavia, é o principal. O governo precisa conquistar a classe média, caso queira ter chances de se reeleger e de ampliar a bancada do campo democrático. Para isso, será necessário construir um projeto de desenvolvimento capaz de mobilizar espiritualmente a sociedade. Ou seja, promover um sonho de país. Isso está faltando, e sem isso será difícil conter o crescente mau humor dos brasileiros com as estruturas ainda deficientes que ele enfrenta no dia a dia, sobretudo na esfera da mobilidade urbana.
O presidente precisa vender a ideia de construir transporte sobre trilhos!
Entre os jovens de 16 a 24 anos, 72% veem a economia no caminho errado, enquanto entre pessoas com 60 anos ou mais, o índice é de 54%. No grupo com ensino superior, 65% discordam da trajetória atual, percentual que cai para 63% entre os que possuem ensino médio e para 49% entre os que têm apenas ensino fundamental.
Por faixa de renda, 65% dos que ganham mais de cinco salários mínimos estão insatisfeitos. O grupo com renda entre dois e cinco salários mínimos tem a maior taxa de insatisfação, com 68%. Já entre aqueles com renda de até dois salários mínimos, 52% compartilham dessa visão.
O levantamento ocorreu em 12 e 13 de dezembro de 2024, pouco após o anúncio de um pacote de ajuste fiscal, considerado insuficiente por economistas, e a elevação da taxa básica de juros pelo Banco Central para 12,25% ao ano. Foram realizadas 2.002 entrevistas em 113 municípios, com margem de erro de 2 pontos percentuais, dentro de um intervalo de confiança de 95%.
Os empresários lideram o descontentamento, com 78% considerando o caminho errado, seguidos por empregados com carteira assinada (67%) e desempregados que procuram emprego (51%). Entre beneficiários do Bolsa Família, 54% discordam do rumo atual, enquanto entre os não beneficiários, o índice sobe para 65%.
Quando analisadas preferências político-eleitorais, 90% dos simpatizantes do PL discordam do caminho econômico, assim como 85% dos eleitores de Jair Bolsonaro em 2022. Entre evangélicos, o índice é de 72%.
Mesmo com baixos índices de desemprego, o pessimismo com a inflação e o poder de compra cresceu. A parcela que acredita em piora da inflação subiu de 52% para 68% em um ano. Aqueles que acham que o poder de compra dos salários diminuirá aumentaram de 31% para 40%.
Sobre o futuro do país, apenas 32% acreditam em melhora nos próximos meses, a menor taxa desde junho de 2022. Para 38%, a situação permanecerá como está, enquanto 28% esperam piora. Nos últimos meses, 46% percebem piora na economia, contra 36% um ano atrás. Já a fatia que acredita em melhora caiu de 32% para 21%.
O pessimismo com o desemprego também aumentou em relação ao ano anterior. Em dezembro de 2023, 40% acreditavam que o desemprego aumentaria; em 2024, esse número subiu para 47% no primeiro trimestre, mas atualmente está em 42%.