A Meta anunciou o fim de seu programa de checagem de fatos, substituindo-o por um sistema de “notas da comunidade”, no qual os próprios usuários adicionam contexto a publicações. A medida, segundo o fundador e CEO Mark Zuckerberg, busca focar em violações mais graves, mas especialistas alertam que o modelo, já implementado no X, antigo Twitter, pode facilitar a propagação de desinformação entre os usuários das plataformas.
A mudança ocorre após a divulgação de uma pesquisa do instituto Truth Quest, publicada pela OCDE em julho, que destacou o Brasil como o país com pior desempenho na identificação de conteúdo falso entre 21 nações analisadas.
O levantamento avaliou a capacidade de adultos discernirem notícias verdadeiras de falsas e colocou o Brasil atrás de países como Colômbia, França e Estados Unidos. Finlândia, Reino Unido e Noruega lideraram o ranking.
“O ambiente virtual brasileiro é um terreno fértil para desinformação, com produção massiva de conteúdos manipuladores e polarização política extrema”, afirmou David Nemer, antropólogo da Universidade de Virginia.
Especialistas, nesse sentido, ressaltam que o encerramento da checagem profissional de informações, como o anunciado pela Meta, pode agravar o cenário vivenciado no Brasil.
A pesquisa também destacou que períodos de campanha constante são um fator comum entre os países com pior desempenho, como Brasil, França e Estados Unidos. “O estado de campanha permanente amplifica a circulação de fake news e dificulta o discernimento de informações”, explicou Guilherme Barciela, especialista em monitoramento digital.
No Brasil, o uso frequente de manchetes sensacionalistas por grupos de direita contribui para a dificuldade em distinguir notícias verdadeiras de falsas. “A ascensão de uma direita reacionária e a demonização da mídia nos últimos anos criaram um ambiente de descrédito informacional”, avaliou Nemer.
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