Autoridades de saúde das Filipinas alertaram nesta terça-feira, 3, para a possibilidade de declarar estado de emergência sanitária em nível nacional, diante do crescimento acelerado de infecções por HIV no país.

Segundo o Departamento de Saúde, a média diária de novos diagnósticos chegou a 57 nos primeiros três meses de 2025, o que representa um aumento de 500% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Em vídeo divulgado à imprensa, o secretário de Saúde, Ted Herbosa, afirmou que a situação coloca as Filipinas como o país com o maior número de novos casos da região do Pacífico Ocidental.

“Agora temos o maior número de novos casos aqui no Pacífico Ocidental”, declarou Herbosa.

O secretário também destacou que a maior parte das novas infecções ocorre entre jovens do sexo masculino. “O que é assustador é que nossos jovens representam muitos dos novos casos”, disse.

O Departamento de Saúde informou que 95% dos novos diagnósticos registrados até março foram de homens. A maior incidência está concentrada nas faixas etárias de 15 a 24 anos (33%) e de 25 a 34 anos (47%). Diante desses números, Herbosa defendeu uma mobilização ampla do governo e da sociedade para conter a disseminação do vírus.

“Seria do nosso interesse [declarar] uma emergência de saúde pública, uma emergência nacional para o HIV, para mobilizar toda a sociedade, todo o governo, para nos ajudar nesta campanha para reduzir o número de novos casos de HIV”, afirmou.

De acordo com a legislação filipina, o presidente da República pode decretar estado de emergência sanitária quando uma epidemia representa risco à segurança nacional. A última vez que a medida foi adotada ocorreu em 2020, no início da pandemia de Covid-19.

Apesar da gravidade do cenário, o governo ainda não apresentou uma explicação oficial sobre as causas do aumento recente. A alta nos registros compromete o cumprimento das metas estabelecidas pela campanha global das Nações Unidas para erradicar a epidemia de Aids até 2030.

O relatório também indica que apenas 55% das pessoas que vivem com HIV no país foram diagnosticadas até o momento. Entre os diagnosticados, 66% estão atualmente em tratamento com antirretrovirais.

Desde 2007, o principal modo de transmissão do HIV nas Filipinas tem sido por contato sexual, com destaque para relações entre homens. Essa modalidade responde pela maior parte dos casos documentados nos últimos anos, segundo os dados oficiais.

A tendência de alta nos registros começou em 2021 e se manteve ao longo de 2022, 2023 e 2024. A projeção do governo é de que cerca de 252.800 pessoas estejam vivendo com HIV no país até o final de 2025.

O relatório divulgado nesta terça-feira reforça a preocupação com a capacidade de resposta do sistema de saúde filipino diante da escalada das infecções.

Especialistas ouvidos por autoridades locais avaliam que, sem intervenção imediata, o número de casos pode comprometer ainda mais as metas de prevenção, diagnóstico e tratamento estipuladas por organizações internacionais.

Embora o governo ainda avalie a formalização do estado de emergência, o discurso do secretário de Saúde sugere uma disposição para intensificar as ações nos próximos meses.

A possível decretação da medida possibilitaria a liberação de recursos adicionais e a articulação entre diferentes órgãos públicos, em âmbito nacional e local.

A campanha de combate ao HIV nas Filipinas enfrenta desafios logísticos e culturais, com dificuldades no acesso ao diagnóstico precoce e à manutenção da terapia.

A taxa de adesão ao tratamento antirretroviral permanece abaixo dos padrões recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que orienta que ao menos 90% dos diagnosticados estejam em tratamento.

O Departamento de Saúde informou que pretende reforçar as estratégias de testagem e ampliar a oferta de medicamentos em unidades básicas e centros especializados. Também estão previstas ações voltadas à educação sexual e à prevenção em escolas, universidades e comunidades de maior vulnerabilidade social.

O aumento das infecções entre jovens homens também levou a questionamentos sobre a efetividade das políticas públicas voltadas à prevenção. Organizações da sociedade civil reivindicam campanhas mais abrangentes e políticas de saúde específicas para populações em maior risco de exposição ao vírus.

Segundo o governo, a avaliação sobre a eventual decretação do estado de emergência sanitária deve ser concluída nas próximas semanas. A medida, se adotada, será acompanhada por um plano nacional de resposta ao HIV, com metas específicas de redução do número de novos casos e ampliação do acesso a diagnóstico e tratamento.

A situação nas Filipinas é monitorada por entidades internacionais, que acompanham a evolução dos indicadores e colaboram com ações técnicas e operacionais no país. O Ministério da Saúde afirmou que continuará divulgando atualizações periódicas sobre o avanço da epidemia e as medidas adotadas para o enfrentamento da doença.

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Last Update: 03/06/2025