Quatro mulheres acusam Tales de Carvalho, filho do filósofo Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo, de estupro e tortura física e psicológica.
Entre as denunciantes estão Calinka Padilha de Moura, ex-mulher de Tales, e suas duas filhas, Julia Moura de Carvalho e Ana Clara Moura de Carvalho.
As vítimas, segundo informações do Metrópoles, relatam episódios de crueldade ao longo de mais de duas décadas, além da formação de uma seita em torno do Instituto Cultural Lux et Sapientia (ICLS).
Tales foi notícia quando a família de uma estudante de Goiás conseguiu uma decisão judicial para trazê-la de volta de Curitiba, onde morava com ele.
A estudante foi encontrada no Paraguai, na casa de Luiz de Carvalho, irmão de Tales, após ser enviada para lá por ele. A jovem retornou a Goiás para declarar ao juiz se sua ida foi voluntária.
Ligação com Instituto Cultural Lux et Sapientia
Segundo as ex-mulheres de Tales, seu irmão Luiz Gonzaga de Carvalho, conhecido como Gugu, é considerado o “guru” do ICLS – a entidade oferece cursos sobre religião, astrologia e matrimônio, além de leituras de autores clássicos.
As denunciantes afirmam que Tales usa o ICLS para captar dinheiro de “benfeitores” e para obter esposas, chegando a ter quatro mulheres ao mesmo tempo.
Mais relatos
Calinka relata que, após quatro anos de casamento, Tales quis ter uma segunda esposa, uma criança de 12 anos, que era enteada da mãe de Tales.
Ele teria marcado um contrato prevendo a consumação do casamento aos 16 anos, mas, segundo Calinka, isso ocorreu quando a jovem tinha 15. Em um e-mail de 2003, Tales pede compreensão à esposa por desejar uma segunda mulher, mencionando visões de um “destino glorioso”.
As agressões começaram após Calinka voltar para Tales em 2007. Ela relata torturas constantes com chicotadas de fio de telefone e ameaças de mutilação. Tales alegava que essas práticas eram para “purificação” conforme o Islã, mas líderes religiosos negam qualquer base no islamismo para tais atos. A outra esposa também teria sido vítima dessas torturas.
Calinka afirma que Tales as obrigava a assistir a vídeos de estupros de crianças e depois a estuprava. As filhas Julia e Ana Clara também encontraram vídeos de pornografia infantil no computador do pai. Calinka relata que as torturas só cessaram quando ela engravidou da terceira filha. A gravidez seria um sinal de que Deus as havia “perdoado”.
Em abril de 2021, Calinka fugiu da casa de Tales com as filhas. Julia e Ana Clara confirmam o histórico de violência. Julia lembra que o pai batia na mãe e na outra esposa, e que tentaram reatar o casamento sob ameaça. Atualmente, a filha mais nova vive com Tales, conforme um acordo judicial que encerrou duas queixas-crime que ele movia contra Calinka.
Vale ressaltar que, além de Calinka, o acusado teve outros casamentos, um com uma marroquina e outros com duas brasileiras, todas alunas do ICLS.
Em resposta às acusações, Tales nega as alegações e diz que elas foram usadas para tentar privá-lo da guarda da filha menor. O advogado do suspeito, por sua vez, afirma que as acusações não foram consideradas pela Justiça.