O bolsonarista Paulo Figueiredo, neto do ex-presidente da ditadura militar João Figueiredo. Foto: Reprodução

O jornalista bolsonarista Paulo Figueiredo, neto do ex-presidente da ditadura militar João Figueiredo, foi identificado pela Polícia Federal (PF) como um peça-chave em uma estratégia de militares para vazar documentos com o objetivo de pressionar o Alto Comando do Exército a aderir ao golpe.

Segundo o relatório da PF, investigados utilizavam Figueiredo para atacar comandantes que resistiam às tentativas golpistas da organização criminosa, promovendo a disseminação de fake news para destruir suas reputações, especialmente dentro das Forças Armadas.

Mensagens trocadas entre Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), e o coronel Corrêa Neto indicam que havia um planejamento coordenado para que Figueiredo divulgasse dados sensíveis no programa “Pingo Nos Is”.

De acordo com o relatório, ele era conhecido entre os envolvidos pelo codinome “PF”, uma referência às suas iniciais. Antes mesmo das transmissões, já se sabia quem seria alvo das denúncias feitas por Figueiredo.

Uma das ações atribuídas a ele foi a divulgação da “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro”, que, segundo os investigadores, buscava “criar a falsa percepção de que haveria um alinhamento das Forças Armadas ao Golpe de Estado”. Sua escolha para essa função se deve à sua influência no meio militar, derivada do prestígio histórico de sua família.

O relatório da PF detalha: “A atuação de Paulo Figueiredo, dentre as divisões de tarefas planejadas, não se limitou a expor os referidos Generais. Conforme evidenciado, havia a necessidade de que os militares aderissem ao intento golpista. Para isso, a organização criminosa reverberou, utilizando novamente a pessoa de Paulo Figueiredo, duas cartas produzidas por militares da ativa e da reserva.”

Trecho do relatório da PF sobre a atuação de Paulo Figueiredo na trama golpista. Foto: Reprodução

O general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, afirmou em depoimento que “ele possivelmente estava atuando no interesse de pessoas que queriam uma ruptura institucional no Brasil, sob o pretexto de ações mais contundentes”. A fala reforça a suspeita de que Figueiredo era parte de uma rede articulada para minar a estabilidade institucional.

Indiciado por tentativa de golpe, Figueiredo declarou em suas redes sociais que se sentia “honrado” pelas acusações. Ele defendeu sua atuação, afirmando: “A conduta criminosa que me é atribuída é a de reportar, com precisão, os acontecimentos envolvendo o alto comando do Exército brasileiro”. No entanto, o relatório da PF apresenta evidências de que ele teve um papel crucial na campanha de desinformação e na tentativa de mobilizar apoio ao golpe.

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Last Update: 28/11/2024