Dados de um estudo inédito da Fundação Getulio Vargas (FGV), apresentados nesta sexta-feira (5), comprovam a eficácia do Bolsa Família como ferramenta de mobilidade social e quebra de ciclos de pobreza.
A pesquisa “Trajetórias de Jovens do Bolsa Família” revela que 71,25% dos beneficiários que eram adolescentes (15 a 17 anos) em 2014 deixaram o programa até 2025, conquistando autonomia financeira.
O levantamento, realizado com base em dados administrativos do Governo Federal, foi divulgado durante evento na sede do BNDES, com as presenças dos ministros Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social) e Anielle Franco (Igualdade Racial), além dos presidentes Aloizio Mercadante (BNDES) e Marcio Pochmann (IBGE).
Fim do mito da “acomodação”
Os números desmentem a tese de que a transferência de renda gera dependência. Ao acompanhar a trajetória de famílias ao longo da última década, a FGV constatou que 60,68% de todos os beneficiários de 2014 já não dependem mais do auxílio.
O estudo destaca que essa emancipação é impulsionada pela inserção no mercado de trabalho e pelo acesso à educação, pilares das gestões do PT. Entre os jovens que tinham de 15 a 17 anos em 2014, além da saída massiva do programa, houve uma redução expressiva de 52,67% na presença no Cadastro Único, indicando que essas pessoas não apenas saíram do Bolsa Família, mas superaram a condição de vulnerabilidade.
Trabalho formal e escolaridade: a chave para a porta de saída
A pesquisa reforça que a proteção social funciona melhor quando integrada a uma política de valorização do trabalho e da educação. O contexto familiar provou ser determinante para o sucesso dos jovens:
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Carteira Assinada: Quando o responsável pela família possui vínculo formal de emprego, a taxa de saída dos jovens do programa salta para 79,4%.
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Educação dos Pais: Filhos de responsáveis com Ensino Médio completo ou mais apresentam uma taxa de saída de 69,94%, superior à média.
Novo Bolsa Família: Rotatividade saudável
A análise também abordou a gestão atual do programa, relançado em 2023. Os dados mostram que o Novo Bolsa Família não é estático. Nos primeiros três anos da atual gestão, houve uma média mensal de 447 mil saídas (por melhoria de renda) contra 359 mil novas entradas. Isso demonstra que o programa funciona como uma rede de proteção temporária: ampara na necessidade e permite a saída quando a família recupera sua autonomia.
Para garantir que essa transição seja segura, o governo implementou mecanismos como a Regra de Proteção, que permite à família manter 50% do benefício por um período mesmo após conseguir emprego, e o Programa Acredita, que foca no microcrédito produtivo para incentivar o empreendedorismo entre os mais pobres.
O estudo conclui que a saída dos filhos do Bolsa Família indica uma autonomia real e padrões intergeracionais favoráveis, consolidando o programa como uma plataforma de acesso a melhores oportunidades e não apenas de alívio imediato da fome.