O Banco Master enviou nesta semana um pedido formal ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC) para que a entidade avalie a possibilidade de conceder apoio financeiro à instituição.

A informação foi publicada pelo jornal Valor Econômico, que apurou que o envio do documento representa uma etapa técnica necessária para viabilizar a atuação do FGC como agente de solução diante das dificuldades enfrentadas pela instituição financeira, controlada pelo empresário Daniel Vorcaro.

De acordo com o jornal, a alternativa atualmente considerada mais provável pelas autoridades do sistema financeiro e pelas partes envolvidas é a adoção de uma estrutura de “liquidação privada”.

A proposta prevê a criação de um fundo exclusivo, que assumiria os ativos e passivos não absorvidos pelo Banco de Brasília (BRB), instituição apontada como possível compradora da parcela considerada viável do Banco Master.

Nesse modelo, o FGC poderia realizar um empréstimo ao fundo estruturado, que funcionaria como veículo para a administração dos passivos remanescentes.

A medida permitiria que o Banco Master efetuasse o pagamento gradual — e possivelmente antecipado — dos Certificados de Depósito Bancário (CDBs) emitidos, sem a necessidade de desembolso direto por parte do FGC para cobrir os valores assegurados por suas garantias.

A estrutura em análise tem como uma de suas principais características a preservação do caixa do FGC e a mitigação do risco de uma intervenção direta do Banco Central.

Entre os interlocutores ouvidos pelo Valor, a avaliação é de que a solução pode reduzir o impacto sistêmico e evitar medidas mais drásticas em relação à instituição financeira.

O fundo proposto para lidar com os ativos e passivos considerados não estratégicos seria operado sob o regime de “run-off”, o que significa que não receberia novos aportes, limitando-se à gestão dos ativos até seu vencimento ou à sua alienação. Os eventuais ganhos obtidos com essa operação seriam distribuídos entre os cotistas do fundo.

Entre os nomes cogitados para a gestão da estrutura está o BTG Pactual, instituição comandada por André Esteves, que tem experiência na administração de ativos de difícil liquidez, como precatórios, créditos judiciais e participações empresariais.

O modelo em discussão apresenta semelhanças com o adotado pela varejista Marisa, que concluiu recentemente a desativação de sua financeira com uma estrutura desse tipo.

Apesar do envolvimento de diferentes instituições nas conversas, há resistências internas entre os grandes bancos. Segundo apuração do Valor, o Itaú teria sinalizado objeções à participação direta na operação ou à adoção de qualquer solução que implique aportes significativos por parte do FGC.

A preocupação é motivada pelo modelo de financiamento do fundo, que é mantido com recursos provenientes de contribuições das próprias instituições financeiras com base no volume de depósitos cobertos. Assim, os grandes bancos privados figuram entre os principais responsáveis pelo financiamento do fundo em termos absolutos.

Embora o FGC seja composto e financiado pelas instituições bancárias, atua de forma independente e não participa da estruturação de operações de resgate ou reestruturação financeira. Conforme estabelece sua governança, qualquer envolvimento do fundo depende de uma solicitação formal por parte das instituições interessadas, como a realizada nesta semana pelo Banco Master.

Agora, caberá ao FGC avaliar se a proposta atende aos critérios técnicos e se a concessão de um empréstimo ao fundo estruturado é viável e vantajosa para os objetivos institucionais da entidade. Até o momento, nem o Banco Master nem o FGC se manifestaram oficialmente sobre o assunto.

O Banco Central acompanha as negociações, embora sua atuação direta nesse contexto não esteja prevista, já que não há, até o momento, a decretação formal de liquidação do Banco Master.

Se essa medida viesse a ser adotada, caberia ao FGC cobrir os CDBs inadimplentes conforme suas garantias. Segundo apuração do Valor, todas as partes envolvidas preferem evitar esse cenário, considerado mais oneroso e com maior potencial de repercussão no sistema financeiro.

A decisão do FGC sobre o apoio financeiro à operação pode definir o desfecho da reestruturação do Banco Master e terá efeitos relevantes para a estabilidade do setor bancário. O desdobramento das tratativas será acompanhado de perto por agentes do mercado, instituições financeiras e autoridades regulatórias.

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Last Update: 19/04/2025