No dia 17 de maio, um sábado, o Centro de Estudos da Mídia Alternativa “Barão de Itararé” comemora 15 anos de existência com uma festa no Al Janiah, em São Paulo (SP).

A celebração será marcada por roda de samba, slam de poesia e cartuns temáticos. O encontro reunirá importantes nomes nessa jornada pela democratização da comunicação no Brasil feita de forma coletiva por entidades do movimento social e sindical, mídias independentes, jornalistas, comunicadores populares, acadêmicos, militantes e lideranças políticas do campo progressista, como destaca o convite.

Sobre esta década e meia de existência, o Portal Vermelho conversou com o idealizador e membro da coordenação do Centro de Estudos, Altamiro Borges. Ele lembra que o “Barão de Itararé” nasceu em 14 de maio de 2010, com quatro grandes objetivos: lutar pela democratização dos meios de comunicação; fortalecer todas as mídias alternativas, ajudando as mídias contra-hegemônicas como rádios comunitárias e, na época, os blogs; estudar as mudanças na mídia; e ajudar na formação de novos comunicadores para o movimento popular e sindical.

“O que mudou de lá para cá? A nossa batalha principal era contra essa mídia monopolista que manipula, que informa e desinforma, forma e deforma. Era a luta contra essa mídia monopolista, que era o que o Paulo Henrique Amorim chamava de luta contra o PIG, o Partido da Imprensa Golpista. O que mudou agora é que além dessa mídia monopolista que continua tendo um papel nefasto de manipulação, é só ver agora como ela está agindo diante dessa crise na Previdência Social, do INSS, tentando fustigar ao máximo o governo, pintou uma nova mídia, via internet, o que em um primeiro momento, lá por 2010, se achava que a internet seria o reino da liberdade”, recorda.

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Miro, como é conhecido, lembra que a comunicação online teve papel importante nas lutas populares, no Occupy Wall Street nos Estados Unidos, na Revolta dos Indignados na Espanha, na Primavera Árabe, mas como o capitalismo monopoliza tudo, o controle das informações online se transformou em monopólios por gigantes da comunicação, as famosas Big Techs (Nvidia, Amazon, Apple, Google, Meta, Tesla e Microsoft).

“Hoje são um terreno fértil para a extrema direita, para a manipulação, para o ódio e a violência. Então, o que mudou nestes 15 anos é que além da luta pela democratização da mídia tradicional contra os monopólios da mídia, temos hoje a luta contra essa ditadura dos algoritmos das Big Techs. Essa me parece que foi a grande mudança e o Barão tem procurado contribuir nessa luta pela regulação democrática desse setor, que se deu recentemente com o deputado Orlando Silva (PCdoB), assim como pelo fim do controle por esses monopólios”, diz.

Para Miro, nesta trajetória que será comemorada, uma ação fundamental desenvolvida foi agregar blogs, sites, canais e redes do campo progressista. Um dos resultados desse processo foi um primeiro encontro de blogueiros em 2010 que passou a ser chamado de encontro de comunicadores e ativistas digitais e já soma oito edições, sendo duas internacionais.

Outra grande batalha destacada nestes anos foi pelo Marco Civil da Internet e que hoje se estende para a regulação das Big Techs, além de seminários, trabalhos de formação e livros publicados sobre a mídia.

Daqui para frente, Miro enxerga na regulação das plataformas digitais uma das grandes batalhas estratégicas.

“As Big Techs da forma como estão fazem mal à democracia vide a relação delas com o neo-fascista Trump nos Estados Unidos, com o neo-fascista Bolsonaro no Brasil, ou com o neo-fascista Javier Millet na Argentina. Também fazem mal à saúde pública, vide o que correu de desinformação no período da pandemia de Covid, ou seja, elas foram responsáveis por milhares de mortes no mundo. Nas suas plataformas se disseminou um monte de mentira, um monte de negacionismo”, critica.

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Nessa linha, destaca que para além de uma regulação, o Brasil precisa caminhar para obter soberania digital e não depender mais dessas grandes empresas de tecnologia estrangeiras.

“É preciso trilhar outro caminho, construir plataformas próprias para tentar superar a ditadura do algoritmo dessas sete magníficas [como são conhecidas as empresas], dessas sete Big Techs”, afirma.

E como continuidade de sua missão histórica, a democratização dos meios de comunicação no Brasil segue como centralidade no sentido de estimular a diversidade e a pluralidade informativa no país.

“É preciso mecanismos de fortalecimento da radiodifusão comunitária, da TV comunitária, é preciso ter mecanismos de fortalecimento das mídias digitais no campo progressista, desse campo mais crítico. Essa batalha continua na ordem do dia. Não dá para ficar na mão dos monopólios de mídia. Não dá para ter ilusão com a Globo, como dizia o professor Dênis de Moraes. Esses grandes veículos de comunicação têm interesses políticos e econômicos. Só o ingênuo acredita em liberdade nesses grandes veículos de comunicação. Como falava o Claudio Abramo, a única liberdade de imprensa que existe nesses veículos de comunicação é a liberdade do dono. Então é continuar essa batalha por democratização da comunicação e fortalecimento das mídias contra-hegemônicas”, finaliza.

“Barão de Itararé” 15 Anos

Data: 17 de maio (sábado), a partir das 12h
Onde: Al Janiah (Rua Rui Barbosa, 269 – Bela Vista – São Paulo – SP)
Atrações: Poesia com Slam Palmares | Roda de samba com os Inimigos do Batente
Entrada GRÁTIS!

Saiba mais em:

Instagram: https://www.instagram.com/baraomidia
YouTube: https://youtube.com/canaldobarao
X: https://x.com/cbaraodeitarare

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Last Update: 06/05/2025