A Festa do Avante 2025 abriu suas portas para receber gente de todo o mundo pela 49ª vez na última sexta-feira (5). O encontro é organizado pelo Partido Comunista Português desde 1976 e, neste ano, deu as boas-vindas ao público com um concerto da Orquestra Sinfonietta de Lisboa carregado de simbolismos para celebrar os 80 anos do fim da 2ª Guerra Mundial, quando se deu a vitória sobre o nazifascismos e foi reafirmado o valor da paz mundial. Esta edição do concerto de abertura do Palco 25 de abril presta também uma homenagem ao povo palestino.

A cada ano, o concerto se propõe a unir a música a um tema histórico ou cultural relevante, com objetivo de dar significado à memória coletiva e inspirar reflexão em todos os presentes. Em anos anteriores, a orquestra já homenageou o bicentenário de Karl Marx, a publicação do Manifesto Comunista e outras datas emblemáticas para a história das ideias e das lutas sociais.

Neste ano, o mote foi a comemoração deste episódio crucial da história contemporânea e símbolo universal da luta em defesa da liberdade e da dignidade humana. O programa foi estruturado em quatro blocos: a chamada “Música Degenerada”, com obras censuradas por razões raciais ou ideológicas durante o nazismo; peças ligadas à guerra e à resistência, incluindo composições de Weinberg e Eisler, além de uma versão emocionante de Lili Marleen; músicas criadas em campos de concentração e de extermínio, como as de Ilse Weber e Viktor Ullmann; e, por fim, obras que celebram “a grandeza do espírito humano” e a luta pela paz, incluindo uma composição dedicada aos palestinos de Gaza e o último andamento da Sinfonia n.º 5 de Prokofiev.

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Muitos espectadores se emocionaram, percebendo naquelas notas a atualidade de uma mensagem que continua necessária: a de que a liberdade não é um dado adquirido, mas uma conquista permanente. Entre os presentes, destacava-se a participação de muitas famílias, que transformaram a noite em um momento de encontro geracional. Havia também aqueles que viajaram especialmente para assistir ao espetáculo de abertura, conscientes de que a cada ano esse concerto se consolida como o coração simbólico da festa.

A primeira noite terminou sob aplausos entusiasmados, já perto da 1h da manhã. Quando o público se dispersou, um coro espontâneo resumiu o espírito coletivo que marca a Festa do Avante, todos se despediam com a mesma frase, “até amanhã”.

Internacionalismo em festa: as boas-vindas do PCP ao mundo

Antes do início da Festa, como é tradição, o secretário-geral do Partido Comunista Português, Paulo Raimundo, deu início à recepção oficial às delegações internacionais. Representantes de todos os continentes, vindos de partidos e movimentos progressistas, foram calorosamente acolhidos, reforçando o caráter internacionalista que sempre marcou a Festa do Avante.

Em sua saudação, o dirigente sublinhou a dimensão popular e internacionalista do encontro: “Sabemos bem o esforço que foi necessário para estarem aqui conosco nesta festa e valorizamos muito esse esforço. Esta é a festa do PCP, mas é também a festa do nosso povo, possível graças à Revolução de Abril, e, sobretudo, uma festa do internacionalismo, da cooperação, da paz e da solidariedade. Sem a presença solidária dos vossos partidos e das vossas forças, a nossa Festa não seria o que é. Esta é também a vossa Festa.”

Reconhecendo o contexto adverso em que o evento acontece, marcado por ataques aos direitos dos trabalhadores, ameaças aos serviços públicos e um cenário internacional de crises e guerras, o secretário-geral destacou a resistência dos povos: “Apesar das chantagens, bloqueios, ingerências e crimes do imperialismo, sobretudo norte-americano, os povos resistem. Os povos lutam pela sua soberania, pelos seus direitos, e esta Festa é também um exemplo dessa mesma resistência. Uma festa de luta e uma festa da liberdade.”

O discurso foi concluído com um chamado à união e à partilha: o dirigente convidou as delegações a desfrutarem não só da festa, mas também da cultura e da hospitalidade do povo português, reforçando que a maior riqueza do PCP é o seu espírito coletivo e a sua capacidade de luta, construída com dedicação militante ao longo de décadas.

Brasil na Festa: solidariedade, cultura e resistência

O Brasil, mais uma vez, marcou presença ativa no espaço internacional da Festa. O stand político esteve entre os mais movimentados, recebendo visitantes interessados nos debates, materiais informativos e sobretudo nas camisetas contra o genocídio palestino, cuja venda foi intensa e expressou a solidariedade internacionalista. Os militantes brasileiros distribuíram, ainda, a edição bilíngue (portugues/inglês) do Jornal Vermelho 2025, com as opiniões políticas do PCdoB.

A barraca de bebidas e comidas brasileiras, dirigida pelo “timoneiro” Beto, manteve a tradição de ser uma das mais animadas e procuradas, levando sabores típicos como a feijoada e o sanduíche de picanha, que já se tornaram parte da identidade do espaço internacional. Entre aromas e conversas, o ponto brasileiro funcionou como lugar de encontro e convivência.

Além disso, a exibição do filme Doutor Araguaia contou com a presença do diretor Edson Cabral e reuniu uma plateia atenta e engajada. A sessão foi seguida de comentários e diálogos que evidenciaram o interesse do público europeu pela história da Epopéia da Guerrilha do Araguaia e pela luta de gerações em defesa da democracia.

O representante do Comitê Central do Partido, Aldo Arantes, e a ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Delaíde Miranda também estiveram presentes à Festa do Avante e participaram de algumas atividades. Aldo vai lançar o seu mais recente livro neste domingo, às 11h, no Espaço Internacional.

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Last Update: 06/09/2025