Um dia, num carnaval dos anos 70, Roman Polanski veio ao Brasil com Jack Nicholson, para assistir aos desfiles de Escola de Samba. O diretor polonês ligou para papai e veio à Bahia para conversarem. Foi um dia inteiro na nossa casa no Rio Vermelho, contando ao seu escritor peferido o quanto sua literatura tinha sido fundamental para os jovens poloneses e o desenvolvimento de sua cultura. Muitos anos depois escutei de um casal do Kazaquistão palavras semelhantes, de como Jorge Amado tinha sido, e ainda é um porto de conhecimento da vida para este povo que vive tão longe do Brasil.

Quando perguntado porque não ganhava o Nobel, papai dizia que não escrevia para prêmios, também não desdenhava deles, tinha muito orgulho dos que recebera, e citava seu prêmio maior com histórias como a do Polanski, o prêmio de ser alguém a fazer diferença para todo um povo.

Ontem torci loucamente por Fernanda Torres. Hoje, vendo uma recapitulação da noite de entrega do Oscar, com os carnavais pelo Brasil, do Norte ao Sul, fantasiados de Fernandinha, sua imagem feita por drones nos céus de Salvador, a comemoração da estatueta pelo melhor filme internacional, os indígenas em sua tribo reverenciando Eunice Paiva, pensei em papai e as cobranças que teve pelo Nobel. Fernanda ganhou, ganhou muito, ganhou total. Fernanda ganhou um povo inteiro, com seu carnaval mais potente, sua alegria, seu suor. Fernanda ganhou trazendo o Brasil para a certeza da importância da luta com sua perfeita atuação, sua Eunice Paiva, que virou nossa Eunice Paiva. É importantíssimo para o nosso país tudo o que aconteceu. E vamos todos sorrir.

Falta somente a chegada dela e de toda a equipe do filme desfilando em carro aberto pelas ruas do Rio de Janeiro até a casa da Urca. Fica aqui minha sugestão.

Viva Fernanda Torres. Viva “Ainda estou aqui”! Viva Valter Salles! “Viva Marcelo Paiva”, Viva todo o elenco, toda a equipe do filme! Viva o Cinema Brasileiro! Um NÃO maiúsculo para a anistia. Ditadura nunca mais!

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Last Update: 03/03/2025