O caso do soldado de Israel, acusado de destruir um bairro inteiro de palestinos civis na Faixa de Gaza, sob a mira da Justiça brasileira, abriu espaço para críticas ao governo – mais uma vez – da mídia corporativa, a mesma que costuma fechar os olhos para o genocídio que não cessa.

Nesta terça-feira, o jornal O Globo afirmou que a ordem da Justiça brasileira para investigar o soldado israelense acusado de crimes em Gaza foi “descabida”, como mostra a foto que ilustra a matéria.

Após o editorial, a Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) se manifestou e respondeu que “descabida é a assessoria da Globo a ‘Israel’ no incitamento ao Holocausto Palestino”.

“Não é preciso ir muito longe para observar tamanho disparate: enquanto o soldado israelense acusado de crimes de guerra é humanizado e apresentado apenas como um ‘turista inocente desfrutando de suas férias no Brasil’, a história da menina Hind Rajab não é digna sequer de menção pela Globo”, diz a Fepal, em nota, referindo-se à menina de seis anos morta em 2022 durante um ataque israelense na Faixa de Gaza, caso que inspirou a fundação que rastreia acusados de genocídio em Gaza.

Ualid Rabah à TV GGN: Brasil segue na dianteira dos demais países em iniciativas contra o genocídio

À TV GGN, nesta segunda-feira [veja abaixo], o presidente da Fepal falou sobre o papel do governo brasileiro na guerra que já deixou mais de 45 mil mortos no território palestino. “O Brasil segue na dianteira dos demais países em iniciativas contra o genocídio. É o primeiro país que publicamente assume a busca para que sejam presos e julgados pelos crimes de guerra, de lesa-humanidade e de genocídio na Palestina”.

Ainda, Rabah relembrou outros dois momentos marcados pela coragem do governo: o primeiro, quando o presidente Lula passou a reiterar, em eventos diplomáticos, a política de extermínio de Netanyahu, comparando-a à gravidade dos crimes nazistas da Segunda Guerra Mundial.

O segundo, quando o Brasil endossou a petição da África do Sul, em janeiro de 2024, acionando a Corte Internacional de Justiça (CIJ) contra Israel por genocídio.

Entenda o caso do soldado na mira da Justiça brasileira

A Justiça brasileira, envolvida no caso do soldado israelense Yuval Vagdani, que decidiu passar as férias no Brasil com um grupo de amigos em dezembro passado, deu palco para a extrema-direita polemizar um imbróglio nas relações diplomáticas entre o Brasil e Israel, além de perseguir até mesmo a advogada que denunciou o militar no Brasil.

Por sua atuação em Gaza, Yuval foi acusado de matar palestinos em situação fora de combate, protagonizando a destruição de uma comunidade no corredor de Netzarim.

Apesar de elogiar a postura do governo frente ao modus operandi de Benjamin Netanyahu e seus aliados, o presidente da Fepal ponderou à TV GGN sobre alguns pontos que ainda carecem de atenção por parte do Brasil, isso porque a embaixada da Argentina agiu ilegalmente ao interferir no caso, o que contribuiu para dar cobertura a criminosos no país.

O primeiro: “Se ele [soldado foragido] realmente foi para a Argentina, o embaixador da Argentina no Brasil tem que ser chamado para consultas, e é preciso que o Brasil emita uma declaração para o governo argentino condenando a interferência nos assuntos internos brasileiros e a violação da soberania brasileira pela Argentina governada por Milei, a partir de uma jaula de zoológico do mundo que eu não conheço, talvez Nova York ou Washington”.

E o segundo: “O Estado brasileiro precisa se preocupar com um possível vazamento da informação para o lobby sionista no Brasil e para a embaixada israelense, bem como com a preguiça em cumprir a ordem, especialmente da PF, que ficou fazendo de conta que havia burocracias internas a serem observadas para cumprir a ordem de prisão. Ela poderia ter sido cumprida, no mínimo, um ou dois dias antes da divulgação e da fuga do buscado”.

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Last Update: 08/01/2025