
Um fenômeno raro surpreendeu os cientistas e moradores do norte do Chile na quinta-feira (26). O deserto do Atacama, conhecido como o mais árido do mundo, amanheceu coberto de neve em áreas onde isso não ocorria há pelo menos uma década. A precipitação atingiu principalmente as instalações do observatório ALMA (Grande Conjunto Milimétrico/Submilimétrico do Atacama), localizado a 2.900 metros de altitude.
A neve caiu sobre o Centro de Apoio a Operações (OSF), o acampamento base e outras áreas do ALMA, situado a cerca de 1.700 km ao norte de Santiago. O próprio observatório celebrou o momento nas redes sociais com a publicação: “O deserto do Atacama amanheceu NEVADO! Fenômeno que não se via há dez anos”.
¡INCREÍBLE! ¡El desierto de Atacama, el más árido del mundo, está NEVADO!🤩😱🥶 pic.twitter.com/a0bN22J56R
— Observatorio ALMA📡 (@ALMAObs_esp) June 26, 2025
Embora a neve seja mais comum no planalto de Chajnantor, onde estão as antenas, a ocorrência nas áreas mais baixas do centro é considerada excepcional.
De acordo com o climatologista Raúl Cordero, da Universidade de Santiago, ainda é cedo para afirmar que a nevasca tenha ligação direta com as mudanças climáticas. No entanto, ele destaca que os modelos climáticos atuais indicam que fenômenos como esse tendem a se tornar mais frequentes no deserto do Atacama com o passar dos anos, devido ao aquecimento global e alterações nos padrões de precipitação.
O observatório ALMA é o radiotelescópio mais potente do mundo e resultado de uma parceria internacional entre o Observatório Europeu do Sul (ESO), a Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos (NSF) e os Institutos Nacionais de Ciências Naturais do Japão (NINS). O funcionamento do complexo depende de condições extremamente secas e estáveis, por isso a neve, embora bela, pode afetar temporariamente as atividades científicas.
Mesmo sendo considerado um dos locais mais secos do planeta, o Atacama não está imune a eventos climáticos extremos. A neve no deserto pode representar um desafio para a operação dos telescópios, mas também oferece uma oportunidade para o estudo de mudanças ambientais em regiões tradicionalmente inóspitas. O ALMA segue monitorando os efeitos do fenômeno sobre suas estruturas.