O prefeito de São Paulo, João Batista (MDB), sancionou na última segunda-feira (25) o Projeto de Lei 49/24, das vereadoras Maria Silva (Novo) e Ana Luiza (PL), que cria o dia municipal em memória às vítimas do ataque terrorista promovido pelo Hamas em Israel. 

Desde a publicação, o dia 7 de Outubro entra no calendário municipal para homenagear as vítimas israelenses, em especial o bebê João Pedro, de um ano, mantido como refém pelo Hamas. 

A decisão, no entanto, causou indignação na comunidade árabe. Carlos Silva, presidente da Federação Árabe Palestina no Brasil (Fepal), classificou o projeto de lei como uma celebração do dia em que começa um genocídio. 

“É como se fosse aprovada uma lei para lembrar, em favor da Alemanha nazista, o dia em que o gueto de Varsóvia se rebelou”, pontua Silva.

Enquanto as vereadoras e o prefeito homenageiam um bebê israelense sequestrado, Israel já promoveu, segundo o presidente da Fepal, a maior matança de crianças na história. 

“O que o prefeito, infelizmente, mal interpreta é que essa sugestão legislativa que ele promulga para se tornar lei é a primeira data que nós conhecemos na história humana que comemora o dia que começa um genocídio que já matou 55.005 palestinos”, ressalta.

Carlos Silva lembra ainda que a lei paulistana promove a apologia ao extermínio do povo palestino, além de uma limpeza étnica realizada ao vivo. 

O presidente da Fepal afirma ainda que tal data comemorativa é um desrespeito à comunidade árabe. 

Confira o posicionamento da Fepal, de 30 de outubro, quando as vereadoras apresentaram o PL: 

As vereadoras Maria Silva (Novo) e Ana Luiza (PL) pensam que é de bom tom e do interesse dos paulistanos inserir no Calendário de Eventos da Cidade de São Paulo um dia municipal como data para comemorar o genocídio e louvar a ocupação colonial sionista da Palestina.

No Projeto de Lei 49/2024, aprovado ontem pela Câmara Municipal de São Paulo, as vereadoras em questão sugerem que o dia 7 de outubro seja celebrado “em memória às vítimas do ataque ‘terrorista’ promovido pelo Hamas em Israel”, transformando, assim, a data como pretexto para justificar e defender o primeiro genocídio televisionado da história, a matança indiscriminada de palestinos em curso, a mais sanguinária de que se tem registro, comandada pela gangue degenerada de Tel Aviv a mando dos EUA e do “ocidente”, neste que era, antes do 7 de outubro, o maior campo de concentração da história e é, há mais de um ano, o maior campo de extermínio que a humanidade já conheceu, Gaza.

Em texto vulgar e indigno de constar dos registros da casa legislativa paulistana, as vereadoras argumentam que a perseguição aos euro-judeus na Europa – não na Palestina – justifica o empreendimento de ocupação colonial, genocida, racista, supremacista e de apatheid, sob nome fantasia “israel”, e o extermínio de homens, mulheres e crianças no enclave palestino. Porém, neste PL de louvação ao genocídio, é como se propusessem uma data em favor da Alemanha nazista contra os poloneses judeus do Gueto de Varsóvia.

Essa data – e absolutamente todos os dias até que se faça cessar a campanha de extermínio contra milhões de palestinos indefesos que, relembramos, está contando seu dia 391 –  deve ser entendida como a da luta contra o genocídio palestino, o único a ser transmitido nas televisões, celulares, computadores, tablets, em tempo real e pelas próprias vítimas.

O dia 7 de outubro deve ser a data para rememorar o maior extermínio de crianças da história – 9.504 por milhão de habitantes em Gaza, em um ano, contra 2.813 por milhão de habitantes nos 6 anos da 2ª Guerra Mundial.

Ironicamente, as senhoras Maria Silva (NOVO) e Ana Luiza (PL) encerram a justifica deste infame projeto de lei afirmando que “lembrar-se e fazer lembrar de acontecimentos importantes, especialmente de violações humanitárias, é essencial para que a humanidade evolua e lembre do papel que cada um se dispôs a desempenhar na história, a memória compõe a identidade de um povo e o direito a sua preservação é condição essencial para garantir sua continuidade”.

No caso do Holocausto Palestino, as vereadoras não precisam “se lembrar” de violações humanitárias; basta que peguem o próprio telefone para a ver em pedaços a próxima das mais de 21 mil crianças palestinas assassinadas por “israel” em Gaza.

Mas já que as vereadoras querem discutir “o direito à preservação e continuidade de um povo”, talvez seja do interesse saber que “israel” já pode ter exterminado, considerando estimativa da Revista The Lancet, a mais respeitada publicação médica do mundo, mais de 9% da demografia palestina de Gaza em um ano. Isso equivale a quase 20 milhões no Brasil e 70 milhões na Europa da 2ª GM por sua demografia atual.

Será necessário chegar a 100% dos 2,3 milhões de palestinos em Gaza – dos quais 73% já são refugiados da Nakba, a limpeza étnica da Palestina entre 1947 e 1951, promovida exatamente pelos sionistas que pariram “israel” – massacrados para que se considere um “dia de memória” aos que perecem sob as bombas, escombros e fome na Palestina?

Não! O dia 7 de outubro é o DIA G, o Dia do Genocídio em Gaza, no qual todos os demais genocídios foram superados em números e barbárie. Nele, todos os anos, a humanidade lembrará da infâmia que é o sionismo e sua criatura “israel”, bem como dos infames que defenderam a solução final televisionada na Palestina.

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Last Update: 26/11/2024