O governo federal acionou a Polícia Federal (PF) para investigar a possível origem criminosa das queimadas que se espalharam pelo estado de São Paulo nesta semana. A informação foi confirmada pelo ministro do Meio Ambiente, Marina Silva, durante sua visita ao Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), em Brasília. A suspeita é que os incêndios tenham sido provocados por uma ação criminosa organizada, semelhante ao “dia do fogo” de 2019, quando uma série de queimadas orquestradas afetou mais de 470 propriedades rurais. Até o momento, três pessoas foram presas em conexão com os incêndios.

Marina Silva destacou a gravidade da situação e mencionou que os incêndios parecem ter ocorrido de forma simultânea em diferentes municípios de São Paulo, o que reforça as suspeitas de uma ação coordenada. “Há uma forte suspeita de que está acontecendo de novo”, afirmou. A ministra descreveu a situação como uma “verdadeira guerra contra o fogo e a criminalidade” e enfatizou que o governo federal está trabalhando para controlar as chamas.

Prevfogo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também esteve presente na sala de situação montada no Prevfogo, onde acompanhou em tempo real os focos de incêndio espalhados pelo país. Ele garantiu que o governo federal fornecerá recursos e apoio necessários para debelar as chamas, reconhecendo a dificuldade de conter os incêndios. “A gente acaba de apagar o fogo, você vira as costas e ele acende outra vez”, lamentou o presidente.

Além de Marina Silva e Lula, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, e o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, também participaram da reunião no Prevfogo. Segundo Rodrigues, a PF já abriu dois inquéritos para investigar os incêndios em São Paulo e confirmou a existência de outras 31 investigações relacionadas a queimadas na Amazônia e 20 no Pantanal.

As queimadas em São Paulo, que começaram na sexta-feira (23), já resultaram em duas mortes e levaram o governador do estado, Tarcísio de Freitas, a decretar situação de emergência em 21 municípios afetados. Um gabinete de crise foi montado em Ribeirão Preto para coordenar as ações de combate ao fogo. Até o momento, 15.335 pessoas estão envolvidas nos trabalhos de combate às chamas e orientação à população.

Prisões de suspeitos

Três suspeitos de iniciar os incêndios foram presos em diferentes cidades do estado. Em Batatais, um homem de 42 anos foi capturado após tentar fugir ao ser denunciado por moradores. Ele tem histórico criminal por roubo, furto, homicídio e posse de droga. Em São José do Rio Preto, um idoso de 76 anos foi detido após atear fogo em lixo em uma área de mata. Já em Porto Ferreira, outra prisão foi anunciada pelo governador Tarcísio de Freitas, envolvendo pessoas que portavam gasolina e estavam deliberadamente ateando fogo.

Os incêndios também estão gerando impactos em outras regiões do país. A fumaça das queimadas em São Paulo e outras áreas tem sido levada por ventos para o centro do Brasil, causando problemas em cidades como Brasília, Goiânia e Belo Horizonte. No domingo, vários bairros da capital federal amanheceram cobertos pela fumaça.

Diante da situação, o governo federal mobilizou um número recorde de brigadistas para combater os incêndios florestais este ano, incluindo 1.400 na Amazônia e 800 no Pantanal. Helicópteros da Marinha e do Exército foram enviados a São Paulo para auxiliar nas operações. A ministra Marina Silva também mencionou o envio de uma aeronave KC-390, da Força Aérea Brasileira (FAB), para auxiliar no rescaldo das chamas, embora o avião ainda não tenha podido atuar devido à grande quantidade de fumaça.

Prejuízo bilionário ao agronegócio

Os danos causados pelas queimadas e pelos extremos climáticos, como as enchentes no Rio Grande do Sul e a seca na região Norte, já somam R$ 6,67 bilhões em prejuízos para o agronegócio brasileiro. O impacto das enchentes no Rio Grande do Sul foi de R$ 5,4 bilhões, enquanto na região Norte, a seca já causou danos de quase R$ 1,3 bilhão. A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) alertou que os prejuízos podem aumentar à medida que novas informações forem reportadas.

Com os incêndios ainda fora de controle em várias regiões de São Paulo, o governo federal segue em estado de alerta, monitorando a situação e buscando estratégias para minimizar os danos. A ministra Marina Silva concluiu seu pronunciamento com um apelo para que as queimadas cessem imediatamente, ressaltando que “o fogo não é estadual nem municipal, é um fogo que prejudica o Brasil”.

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Última Atualização: 26/08/2024