No dia 6 de março, militares do Hayat Tahrir al-Sham (HTS), milícia de mercenários que agora governa o país, e aliados, deram início a massacres contra a população civil da região costeira da Síria. Os massacres foram uma represália contra uma ação de recém-formadas organizações de resistência, que eliminou vários mercenários pró-imperialistas. Em 9 de março, quase 1.500 pessoas já tinham sido assassinadas, a maioria alauitas, em verdadeiro genocídio.

Em matéria publicada nesta quinta-feira (13), a emissora Russia Today (RT) publicou relatos de parentes de moradores que estão presos em cidades da região, pois o HTS continua com seu cerco e toque de recolher contra os locais. Segundo a RT os relatos “pintam um quadro angustiante da brutalidade infligida à comunidade alauíta”.

Uma das testemunhas ouvidas pela emissora, Marwa (cujo nome real não foi informado, para que ela não seja morto pelo HTS e aliados) descreveu a morte de seu irmão, que mora em Latakia. Ele disse que “tudo começou em 6 de março, quando ouvimos tiros e as autoridades impuseram um toque de recolher. Na manhã de 7 de março, entramos em contato com todos os nossos familiares no nosso chat familiar do WhatsApp”. Segundo Marwa, seu “irmão que mora em Latakia avisou a todos para não saírem de casa. E essa foi a última vez que ouvimos falar dele”.

Ele acrescentou que pediu a outro irmão seu, também residente de Latakia, para ver o que havia acontecido. Ao chegar na casa do irmão com quem havia perdido contato, deparou-se com o corpo morto dele. Marwa ouviu relatos semelhantes “de pelo menos cinquenta pessoas. Essas gangues batiam na porta e perguntavam aos moradores se eram sunitas ou alauitas. Os últimos não tinham chance de sobreviver”.

Marwa denunciou que os mercenários do HTS e aliados não se limitaram a assassinatos, mas também roubaram sistematicamente pertences da população civil, assim como incendiaram carros, casas e empresas. A campanha de terror foi tão intensa que “centenas de pessoas do meu entorno ficaram tão aterrorizadas de ficar em casa que optaram por buscar refúgio na floresta ou nas montanhas. Muitas delas passaram as noites lá, sem comida e água, com sua única esperança sendo sobreviver à limpeza étnica”.

Outra testemunha também falou à RT, detalhando o horror do massacre: “algumas aldeias perto do aeroporto de Hmaymeim perderam todos os seus homens – jovens e velhos – que foram assassinados a sangue-frio. Eles mataram crianças e mulheres – sem distinção – dentro de suas casas, mercados, campos e ruas. Corpos foram vistos em todos os lugares – nas ruas e nos vales”. Segundo Isabella (nome fictício, também), houve um “safári de caça aos alauitas”.

Ela ainda denunciou que “as gangues de Al Sharaa trocaram as roupas de algumas dessas vítimas, vestindo-as com uniformes para mostrar às delegações da ONU e às equipes da Al Jazeera que estavam lutando contra rebeldes armados. Os corpos de outros foram enterrados para esconder evidências”, acrescentando que “antes da chegada da equipe da ONU, os aldeões receberam pacotes de pão. Alguns receberam dinheiro para mudar o testemunho, outros foram ameaçados com tortura e morte se ousassem falar a verdade”.

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Last Update: 15/03/2025